Botulismo: saiba quais os sintomas da doença que já causou 3 mortes na Bahia

Na última semana, o estado da Bahia emitiu um alerta de surto de Botulismo, uma doença causada por uma bactéria que pode matar uma pessoa em poucas horas

Na última semana a Bahia começou a enfrentar um surto de botulismo, doença rara e grave causada pela bactéria Clostridium botulinum. Seis casos foram confirmados em três municípios baianos, com duas mortes registradas.
A suspeita é de que a mortadela de frango seja a fonte da contaminação, com quatro pacientes relatando consumo do alimento antes do início dos sintomas. A Secretaria de Estado da Saúde da Bahia (Sesab) investiga os casos e emitiu alerta para a rede de saúde e para o Ministério da Saúde.
O botulismo é uma doença neuroparalítica grave que exige notificação imediata aos órgãos de saúde. A Clostridium botulinum produz uma potente neurotoxina que afeta o sistema nervoso, causando paralisia muscular. A toxina age nas membranas pré-sinápticas das junções neuromusculares, bloqueando a liberação de acetilcolina e impedindo a contração muscular.
A forma mais comum de botulismo é a alimentar, adquirida pela ingestão de alimentos contaminados, principalmente produtos cárneos e conservas vegetais de produção artesanal ou caseira. É fundamental ter atenção redobrada com alimentos em conserva, como palmito, picles, carne de lata, salsicha, presunto e peixes defumados ou salgados, pois podem conter a toxina botulínica.
Sintomas:
Os sintomas do botulismo podem surgir entre duas horas e dez dias após a ingestão do alimento contaminado, sendo mais comum entre 12 e 36 horas. De acordo com as fontes sobre o botulismo, os sintomas podem ser divididos em três tópicos principais:
Gastrointestinais:
  • Vômitos
  • Diarreia
  • Constipação (mais comum)
Neurológicos (relacionados à visão, fala e deglutição):
  • Visão turva
  • Visão dupla
  • Sensibilidade à luz (fotofobia)
  • Pálpebras caídas (ptose palpebral)
  • Alterações da voz
  • Dificuldade de articulação das palavras (dislalia)
  • Rouquidão (disfonia)
  • Perda total da voz (afonia)
  • Dificuldade para engolir
Musculares:
  • Fraqueza generalizada
  • Paralisia muscular flácida (característica marcante)
  • Paralisia descendente e simétrica (começa na face e progride para o pescoço, braços e pernas)
  • Insuficiência respiratória (em casos graves, a paralisia atinge os músculos respiratórios)
A paralisia muscular é característica da doença e se manifesta de forma descendente e simétrica, começando pela face e progredindo para o pescoço, membros superiores e inferiores. Em casos graves, a paralisia pode atingir os músculos respiratórios, levando à morte.
vírus
O botulismo também pode causar paralisia muscular em pessoas infectadas
O diagnóstico diferencial é crucial para descartar outras condições com sintomas semelhantes, como intoxicação alimentar por outras bactérias, vírus ou toxinas, e outras doenças neurológicas. A coleta detalhada do histórico do paciente, é uma das coisas cruciais para diagnosticar o botilismo.
Exame físico: O exame físico, realizado pelo médico, busca identificar sinais clínicos característicos do botulismo, como:
  • Paralisia flácida: Verificar a presença de fraqueza muscular e paralisia, avaliando a força muscular, os reflexos tendíneos e a presença de flacidez muscular.
  • Sinais neurológicos: Avaliar a função dos nervos cranianos, buscando por alterações como ptose palpebral (pálpebras caídas), visão dupla, pupilas dilatadas, dificuldade para falar e engolir.
Exames complementares: Os exames complementares são essenciais para confirmar o diagnóstico de botulismo e descartar outras condições com sintomas semelhantes. Os principais exames são:
  • Detecção da toxina botulínica: A detecção da toxina botulínica em amostras clínicas (sangue, fezes, vômito, lavado gástrico) ou em amostras do alimento suspeito é o padrão-ouro para o diagnóstico. No Brasil, o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, é o laboratório de referência nacional para a realização desse teste.
  • Eletroneuromiografia: Este exame avalia a atividade elétrica dos músculos e nervos, podendo auxiliar no diagnóstico diferencial do botulismo, principalmente nos casos de instalação rápida e difícil diferenciação da evolução dos sintomas. O exame ajuda a identificar o padrão característico de comprometimento da membrana pré-sináptica na junção neuromuscular, que ocorre no botulismo.
  • Cultura de amostras: Em casos de botulismo intestinal ou por ferimentos, a cultura de amostras de fezes ou tecido pode ser realizada para isolar a bactéria C. botulinum.
É importante ressaltar que o diagnóstico diferencial é crucial para descartar outras doenças que podem apresentar sintomas semelhantes ao botulismo, como o micetismo, a síndrome de Guillain-Barré, intoxicações por pesticidas, entre outras condições.
O tratamento do botulismo deve ser iniciado o mais rápido possível em ambiente hospitalar com unidade de terapia intensiva (UTI). Medidas de suporte, como monitorização cardiorrespiratória e suporte ventilatório, são essenciais. O tratamento específico envolve a administração do soro antibotulínico para neutralizar a toxina circulante. Antibióticos podem ser utilizados em alguns casos.
A prevenção do botulismo requer cuidados rigorosos com a higiene no preparo e conservação dos alimentos, especialmente conservas caseiras. É crucial consumir alimentos de procedência confiável, verificar a integridade das embalagens e evitar produtos com latas estufadas, vidros embaçados, embalagens danificadas ou com alterações no cheiro e na aparência.
O Ministério da Saúde recomenda atenção especial ao mel, que não deve ser oferecido a crianças menores de dois anos, pois pode conter esporos da bactéria C. botulinum. O aquecimento adequado dos alimentos, com cozimento por pelo menos 10 minutos a uma temperatura superior a 80°C, elimina a toxina botulínica.
Fontes: Ministério da Saúde; Centro de Vigilância Sanitária Epidemiologica (CVE), Veja Saúde

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