O jejum intermitente tem ganhado popularidade como uma estratégia para perda de peso e melhora da saúde. Mas será que essa prática é realmente segura e eficaz a longo prazo? Um novo estudo apresentado na Epidemiology and Prevention | Lifestyle and Cardiometabolic Scientific Sessions de 2024, da American Heart Association, sugere que o jejum intermitente pode estar associado a um maior risco de morte por doenças cardiovasculares.
O que é o jejum intermitente?
O jejum intermitente consiste em restringir a alimentação a uma janela de tempo específica durante o dia, passando a maior parte do dia em jejum. Uma das formas mais populares é o cronograma 16:8, em que a pessoa se alimenta durante 8 horas e jejua pelas 16 horas restantes.
Estudos anteriores indicaram que o jejum intermitente poderia trazer benefícios como melhora da pressão arterial, redução da glicose no sangue e do colesterol. No entanto, o novo estudo, que analisou dados de 20 mil adultos nos Estados Unidos, apontou um risco 91% maior de morte por doenças cardiovasculares em pessoas que limitavam sua alimentação a menos de 8 horas por dia.
Resultados surpreendentes e a necessidade de cautela
O autor sênior do estudo, Victor Wenze Zhong, professor e presidente do departamento de epidemiologia e bioestatística da Escola de Medicina da Universidade Jiao Tong de Xangai, expressou surpresa com os resultados. Ele ressalta a necessidade de cautela ao adotar o jejum intermitente, especialmente a longo prazo.
É importante destacar que o estudo aponta apenas uma relação entre jejum intermitente e morte por doença cardiovascular, não uma relação de causa e efeito. Mais pesquisas são necessárias para investigar os mecanismos biológicos por trás dessa associação.
Fatores a considerar e a importância da personalização
Christopher D. Gardner, professor de Medicina Rehnborg Farquhar da Universidade de Stanford, destaca a importância de considerar outros fatores que podem influenciar os resultados, como a qualidade nutricional da dieta dos participantes do estudo.
A escolha de adotar o jejum intermitente deve ser feita com acompanhamento médico e nutricional. É fundamental avaliar o estado de saúde do paciente, seus objetivos e as evidências científicas mais recentes para determinar se essa estratégia é adequada e segura.
Benefícios do jejum intermitente e contraindicações
Embora o estudo da American Heart Association levante preocupações sobre os riscos do jejum intermitente, outras fontes apontam potenciais benefícios dessa prática, como:
- Regulação dos níveis de colesterol e triglicerídeos.
- Auxílio na perda de peso.
- Aumento do metabolismo.
- Prevenção da pressão alta.
- Prevenção da diabetes.
- Prevenção da flacidez.
- Desintoxicação do organismo.
- Diminuição do risco de doenças cardíacas.
- Prevenção do envelhecimento precoce.
No entanto, o jejum intermitente não é recomendado para:
- Pessoas com doenças pré-existentes, como anemia, diabetes, pressão alta, pressão baixa ou insuficiência renal.
- Mulheres grávidas ou amamentando.
- Crianças.
- Pessoas com histórico de transtornos alimentares, como anorexia, bulimia ou compulsão alimentar.
Mesmo para pessoas saudáveis, é fundamental consultar um médico ou nutricionista antes de iniciar o jejum intermitente.
O jejum intermitente é uma estratégia alimentar que exige cautela e acompanhamento profissional. Os potenciais benefícios e riscos devem ser cuidadosamente avaliados, considerando as características individuais de cada pessoa e as evidências científicas disponíveis.
A busca por uma vida mais saudável deve ser baseada em informações confiáveis e em uma abordagem personalizada, sempre priorizando o bem-estar a longo prazo.
Fontes: CNN Brasil; Tua Saúde