A busca por um corpo ideal e a pressão estética da sociedade, impulsionada pela promessa de resultados rápidos, tem levado muitas pessoas a recorrerem a métodos controversos para perder peso. Entre eles, o uso de inibidores de apetite se destaca como um caminho perigoso e ilusório para alcançar o corpo desejado.
Como agem os inibidores de apetite?
Os inibidores de apetite, também conhecidos como anorexígenos, agem no sistema nervoso central, regulando a sensação de fome e saciedade. Alguns medicamentos atuam diretamente no hipotálamo, aumentando a sensação de saciedade ao interferir em neurotransmissores como a serotonina e a noradrenalina. Já outros, como os análogos de GLP-1 (Ozempic, Wegovy e Mounjaro), imitam hormônios produzidos naturalmente pelo corpo, retardando o esvaziamento gástrico e prolongando a sensação de saciedade.
Ozempic: a polêmica do medicamento para diabetes usado para emagrecer
A semaglutida, comercializada sob a marca Ozempic, é um medicamento originalmente desenvolvido para o tratamento da diabetes tipo 2. No entanto, seu efeito na redução do apetite chamou a atenção de pessoas em busca do emagrecimento, desviando o medicamento de sua finalidade principal. Aprovada pela Anvisa no início de 2023, a semaglutida eleva o tempo de ação das incretinas, substâncias que atuam no sistema nervoso central, provocando a redução do apetite.
Efeitos colaterais e riscos à saúde
É crucial destacar que o uso de inibidores de apetite, especialmente sem orientação médica, pode acarretar graves riscos à saúde. Os efeitos colaterais variam de leves a graves, dependendo do tipo de substância e da duração do uso. Náuseas, vômitos, diarreia, constipação, tonturas, insônia e alterações no paladar são alguns dos sintomas mais comuns.
Efeitos mais graves podem incluir:
- Problemas cardíacos: aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial
- Dependência e abuso: uso contínuo e descontrolado, criando um ciclo de dependência
- Alterações psicológicas: ansiedade, insônia e depressão
- Efeito rebote: recuperação do peso perdido e até ganho de peso adicional ao interromper o uso
O uso de anfetaminas, presentes na composição de alguns inibidores de apetite, merece atenção especial. Seus efeitos tóxicos agudos, geralmente decorrentes de superdosagem, podem gerar inquietação, tontura, tremores, reflexos hiperativos, tensão, irritabilidade, fraqueza, insônia, febre e até euforia. Em casos mais graves, podem ocorrer confusão, agressividade, alterações na libido, ansiedade, delírio, alucinações paranoides, estados de pânico e tendências suicidas ou homicidas, principalmente em pacientes com transtornos mentais.
A importância do acompanhamento médico
Especialistas alertam que o uso de inibidores de apetite deve ser feito exclusivamente sob prescrição médica e em casos específicos. A obesidade diagnosticada ou condições metabólicas que justifiquem sua utilização, como a diabetes tipo 2, são os únicos cenários em que o uso desses medicamentos é recomendado.
Gestantes, lactantes e pacientes com distúrbios gastrointestinais importantes não devem utilizar análogos de GLP-1. A avaliação médica individualizada é fundamental para determinar a real necessidade do uso de qualquer medicação.
Mudança de estilo de vida: o caminho para o emagrecimento sustentável
É fundamental desmistificar a ideia de que os inibidores de apetite são “pílulas milagrosas”. O emagrecimento saudável e sustentável requer uma mudança de estilo de vida, com foco em alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos e acompanhamento profissional.
Em vez de buscar soluções rápidas e ilusórias, é preciso investir em hábitos saudáveis a longo prazo:
- Priorizar alimentos in natura, como frutas, verduras e legumes.
- Cozinhar mais em casa, controlando os ingredientes e a forma de preparo dos alimentos.
- Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, gordura e sódio.
- Praticar atividades físicas que proporcionem prazer e bem-estar.
- Buscar acompanhamento profissional, com nutricionistas, educadores físicos e psicólogos, para uma orientação individualizada.
A reeducação alimentar e a prática regular de exercícios físicos, associadas a um acompanhamento médico adequado, são os pilares para alcançar o emagrecimento de forma saudável e duradoura. Os inibidores de apetite, quando prescritos corretamente e em casos específicos, podem ser ferramentas auxiliares no processo de emagrecimento, mas jamais substituem a importância de uma mudança de estilo de vida.
Lembre-se: a busca pelo corpo ideal não deve comprometer a sua saúde. A autoestima e o bem-estar se constroem com base em hábitos saudáveis e uma vida equilibrada.