O Sistema Único de Saúde (SUS) está em negociações para oferecer gratuitamente a injeção bimestral de cabotegravir, um medicamento revolucionário para a prevenção do HIV. A droga, já aprovada pela Anvisa em abril de 2024, atua como PrEP (profilaxia pré-exposição), impedindo a infecção pelo vírus com apenas duas aplicações por ano.
Estudo da Fiocruz e entusiasmo da comunidade médica
A Fiocruz está finalizando um estudo de implementação para avaliar a viabilidade da adoção do cabotegravir pelo SUS. Os resultados preliminares indicam que o medicamento pode ser uma ferramenta poderosa na luta contra o HIV no Brasil.
A comunidade médica já demonstra grande entusiasmo com a possibilidade da inclusão do cabotegravir no SUS. O Dr. Alexandre Naime, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), afirmou que os resultados do estudo serão encaminhados à Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias), responsável pela avaliação do custo-benefício da incorporação de novas tecnologias no sistema público de saúde.
Impacto na prevenção e custo-benefício
A experiência em países africanos, onde o cabotegravir já é utilizado, mostra que a injeção bimestral pode ser um divisor de águas na prevenção do HIV. Em populações com baixa adesão ao uso de preservativos, o medicamento se mostrou altamente eficaz na redução da taxa de infecção.
Especialistas acreditam que a incorporação da PrEP injetável no SUS trará um bom custo-benefício a longo prazo. Os investimentos em prevenção reduzem a necessidade de tratamentos antirretrovirais e acompanhamento médico para pessoas soropositivas, gerando economia para o sistema de saúde.
Mobilização social e pressão por aprovação
O Dr. Naime convoca a sociedade civil, incluindo cientistas, médicos, influenciadores e ONGs, a pressionar pela aprovação do cabotegravir na Conitec. A mobilização é crucial para garantir que a nova ferramenta de prevenção seja disponibilizada para a população.
A expectativa é que a PrEP injetável beneficie especialmente grupos vulneráveis, como homens que fazem sexo com homens, pessoas trans e trabalhadores do sexo. A aplicação bimestral, mesmo por via injetável, facilita a adesão ao tratamento em comparação com a PrEP oral diária, como o Truvada.
Negociações com o governo e produção nacional
A GSK, farmacêutica responsável pela produção do cabotegravir, afirma estar em contato com o Ministério da Saúde para acelerar a negociação e a incorporação do medicamento no SUS. A empresa se mostra disposta a licenciar a droga para produção em território nacional, garantindo preços mais acessíveis e maior autonomia para o Brasil.
Perspectivas futuras e novas tecnologias
Enquanto a aprovação do cabotegravir é aguardada, a Fiocruz já está pesquisando outro medicamento promissor: o lenacapavir. Trata-se de uma injeção de PrEP com aplicação semestral, o que pode aumentar ainda mais a adesão ao tratamento.
A busca por novas tecnologias e a inclusão de medicamentos eficazes no SUS demonstram o compromisso do Brasil em combater o HIV e garantir a saúde da população.
Fonte: Jornal O Sul