Aquela sensação de formigamento nos pés, mãos ou em outras partes do corpo pode parecer inofensiva à primeira vista — e, na maioria das vezes, realmente é. Quem nunca ficou com o braço “dormente” após dormir em cima dele ou sentiu os pés “pinicando” depois de ficar muito tempo sentado na mesma posição? No entanto, quando esse sintoma surge com frequência ou sem motivo aparente, é importante prestar atenção: o formigamento pode ser um sinal de que algo mais sério está acontecendo no organismo.
O que é o formigamento?
Chamado tecnicamente de parestesia, o formigamento é caracterizado por uma sensação incômoda que pode variar entre dormência, queimação leve, picadas ou aquela clássica sensação de “agulhadas”. Ele pode surgir em qualquer parte do corpo, mas é mais comum nas extremidades, como dedos, mãos, braços, pernas e pés.
Essa sensação ocorre quando os nervos periféricos — responsáveis por transmitir sinais entre o corpo e o sistema nervoso central — são pressionados, irritados ou danificados de alguma forma. Às vezes, isso acontece por motivos simples e temporários, como má postura ou movimentos repetitivos. Mas, em outras situações, o formigamento pode indicar problemas mais sérios de saúde.
Causas comuns do formigamento
É comum que o formigamento surja por motivos cotidianos e sem gravidade. Algumas das causas mais frequentes incluem:
- Pressão sobre os nervos: manter uma posição por muito tempo, como sentar com as pernas cruzadas ou apoiar o braço na borda da mesa, pode interromper a circulação e causar formigamento temporário.
- Movimentos repetitivos: atividades como digitar por horas ou usar o celular com frequência podem provocar compressão de nervos, como acontece na síndrome do túnel do carpo.
- Deficiências nutricionais: a falta de vitaminas, especialmente B1, B6, B12, vitamina E e ácido fólico, pode afetar a saúde dos nervos e causar parestesia.
Quando o formigamento pode ser sinal de alerta?
Embora o sintoma nem sempre esteja ligado a doenças graves, é importante ficar atento à sua frequência, intensidade e duração. Veja algumas situações em que o formigamento pode indicar a presença de um problema mais sério:

1. Diabetes
Pessoas com diabetes tipo 1 ou tipo 2 podem desenvolver neuropatia diabética, uma complicação que afeta os nervos, principalmente nos pés e mãos. O formigamento costuma ser um dos primeiros sinais e, se não tratado, pode evoluir para perda de sensibilidade e aumento do risco de feridas e infecções.
2. Esclerose múltipla
Essa doença autoimune afeta o sistema nervoso central e pode causar diversos sintomas, incluindo o formigamento. Em muitos casos, essa sensação aparece de forma recorrente ou se espalha por diferentes áreas do corpo, acompanhada de outros sinais como fraqueza muscular e problemas de equilíbrio.
3. Acidente vascular cerebral (AVC)
O formigamento súbito e intenso, especialmente em um dos lados do corpo, pode ser um dos sintomas iniciais de um AVC. Nesses casos, o sinal vem acompanhado de outros sintomas graves, como dificuldade para falar, perda de força em um dos braços e alterações na visão. É uma emergência médica que exige atendimento imediato.
4. Problemas de circulação
Má circulação sanguínea pode causar dormência e formigamento, principalmente nas pernas. Isso pode estar relacionado a doenças vasculares, trombose ou até mesmo ao uso prolongado de certas medicações.
5. Doenças neurológicas e autoimunes
Além da esclerose múltipla, outras condições como lúpus, artrite reumatoide e fibromialgia podem ter o formigamento como um de seus sintomas. Nesses casos, o sintoma costuma vir acompanhado de dor crônica, fadiga ou rigidez muscular.
Quando procurar ajuda médica?
Se o formigamento for passageiro e tiver uma explicação clara (como dormir em uma posição desconfortável), não há motivo para se preocupar. No entanto, é essencial buscar avaliação médica se:
- O formigamento for constante ou acontecer com frequência.
- A sensação surgir sem motivo aparente.
- O sintoma vier acompanhado de outros sinais como dor, perda de força, tontura ou alterações na fala.
- Houver histórico de doenças crônicas como diabetes, hipertensão ou doenças autoimunes.
Diagnóstico e tratamento
O tratamento vai depender da causa identificada. Em muitos casos, uma simples mudança de hábitos já resolve o problema. No entanto, quando há uma condição de saúde por trás, o médico poderá indicar exames complementares (como exames de sangue, ressonância magnética ou eletroneuromiografia) e tratamentos específicos, que podem envolver medicamentos, fisioterapia ou suplementação nutricional.

