Um novo estudo publicado no periódico CA: A Cancer Journal for Clinicians revela uma projeção alarmante: o número de pessoas diagnosticadas com câncer em todo o mundo deve aumentar em 77% até 2050, atingindo a marca de 35 milhões de casos. Os dados são da Sociedade Americana do Câncer e do Observatório Global do Câncer, um banco de dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Fatores que impulsionam o aumento dos casos
O envelhecimento e o crescimento populacional são os principais fatores que contribuem para esse aumento. Com a expectativa de vida global em ascensão e a população mundial projetada para chegar a 9,7 bilhões até 2050, o número de pessoas suscetíveis ao câncer também aumenta.
Além disso, a adoção de hábitos de vida pouco saudáveis, como o tabagismo e a obesidade, em países de baixa renda, também contribui para essa tendência preocupante. Essas nações muitas vezes carecem de recursos para detecção precoce, tratamento adequado e prevenção do câncer, resultando em maiores taxas de incidência e mortalidade.
Os tipos de câncer mais comuns
Em 2022, o câncer de pulmão foi o mais diagnosticado globalmente, com 2,5 milhões de novos casos e 1,8 milhão de mortes. Os dez tipos de câncer mais comuns em homens e mulheres representaram mais de 60% dos diagnósticos e mortes, incluindo:
- Pulmão
- Mama (em mulheres)
- Colorretal
- Próstata
- Estômago
- Fígado
- Tireoide
- Cervical
- Bexiga
- Linfoma não-Hodgkin
O câncer de pulmão também foi a principal causa de morte, seguido por colorretal, fígado, mama (em mulheres), estômago, pâncreas, esôfago, próstata, cervical e leucemia.
Câncer cervical: um desafio global
O câncer cervical foi a principal causa de morte por câncer em 37 países, a maioria na África Subsaariana, América do Sul e Sudeste Asiático. Apesar da vacina contra o HPV (papilomavírus humano) ser eficaz na redução do risco, apenas cerca de 15% das meninas elegíveis foram vacinadas globalmente. As disparidades na triagem para câncer cervical também representam um obstáculo.
Prevenção: a chave para o controle do câncer
Especialistas enfatizam que a prevenção é a estratégia mais eficaz e econômica para controlar o câncer. Estima-se que cerca de 50% dos casos de câncer são evitáveis com mudanças no estilo de vida. Estas medidas podem diminuir significativamente o risco de desenvolver a doença:
- Eliminação do tabagismo
- Redução do consumo de álcool
- Manutenção de um peso saudável
- Prática regular de atividades físicas
Aumento preocupante nos casos de câncer de próstata
Um relatório da Comissão do The Lancet sobre câncer de próstata destaca outra preocupação: a projeção de que os novos casos anuais de câncer de próstata aumentarão de 1,4 milhão em 2020 para 2,9 milhões até 2040.
O câncer de próstata é um dos mais diagnosticados em homens, sendo o mais comum em 112 países. Esse aumento é atribuído principalmente ao envelhecimento da população global. A comunidade negra continua sendo desproporcionalmente afetada por esse tipo de câncer.
Desafios para países de baixa renda
O estudo também revela que muitos países de baixa renda enfrentam altas taxas de mortalidade por câncer, apesar da baixa incidência. Isso se deve principalmente à falta de acesso a ferramentas de triagem para detecção precoce e serviços de tratamento avançados.
A OMS alerta que, apesar dos avanços no tratamento do câncer, as disparidades nos resultados persistem entre países de alta e baixa renda, e até mesmo dentro dos próprios países.
Necessidade de investimento em saúde pública
Especialistas defendem a necessidade de investimento em saúde pública para garantir o acesso equitativo a serviços de qualidade e a preços acessíveis. A OMS destaca que a vontade política é fundamental para priorizar os cuidados oncológicos e garantir que todos tenham a oportunidade de lutar contra a doença.
O relatório serve como um alerta global sobre a necessidade de intensificar os esforços de prevenção, detecção precoce e tratamento do câncer. A comunidade internacional precisa trabalhar em conjunto para enfrentar esse desafio crescente e garantir que todos tenham acesso aos cuidados de saúde que merecem.
Fontes: Agência Brasil; CNN Brasil; Oncoguia