Uma nova vacina terapêutica contra o câncer de pulmão chamada Tedopi demonstrou resultados promissores em um estudo de fase 3, reduzindo o risco de morte em 41% em pacientes com a doença em estágio avançado. O estudo, publicado na revista científica Annals of Oncology, trouxe esperança para pacientes que lutam contra essa doença, considerada uma das mais letais do mundo.
A Tedopi foi desenvolvida pela empresa francesa Ose Immunotherapeutics e se destaca por ser a primeira vacina contra o câncer a mostrar resultados positivos em sobrevida em um estudo de fase 3, última fase antes da obtenção do registro sanitário. A vacina atua estimulando o sistema imunológico a reconhecer e destruir as células cancerígenas, similar ao mecanismo de ação das vacinas tradicionais.
O estudo clínico da Tedopi foi realizado com pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPNPC) em estado de metástase, o tipo mais comum da doença e geralmente causado pelo tabagismo. Os resultados indicaram que a Tedopi proporcionou uma taxa de sobrevida global em um ano de 44,4%, em comparação com 27,5% para pacientes que receberam quimioterapia.
Além da redução no risco de morte, a Tedopi também se mostrou mais tolerável do que a quimioterapia, com apenas 11% dos participantes apresentando efeitos colaterais, contra 35% dos pacientes submetidos à quimioterapia. Esse dado reforça o potencial da vacina em melhorar a qualidade de vida dos pacientes, como destacado pela Ose Immunotherapeutics.
A pesquisa com a Tedopi representa um avanço significativo no tratamento do câncer de pulmão, especialmente para pacientes que já passaram por outros tratamentos, como a imunoterapia. O professor Benjamin Besse, diretor de pesquisa clínica do centro de combate ao câncer Gustave Roussy e principal investigador do ensaio clínico, ressaltou a importância da Tedopi como uma opção de tratamento de segunda linha para CPNPC avançado ou metastático, especialmente para pacientes com necessidades médicas urgentes.
Como o medicamento funciona
A vacina é administrada inicialmente a cada três semanas, depois a cada oito semanas durante um ano e, posteriormente, a cada 12 semanas. É importante ressaltar que, apesar dos resultados promissores, a Tedopi não é uma vacina preventiva, mas sim um tratamento para o câncer já instalado. O estudo também observou que a vacina teve maior eficácia em um subgrupo de pacientes com características específicas, como histórico de imunoterapia prévia e a presença do gene HLA-A2.
O desenvolvimento da Tedopi foi impulsionado por avanços recentes no campo da imunoterapia e pelas descobertas relacionadas às vacinas durante a pandemia de Covid-19. Essa convergência de fatores contribuiu para a criação de uma vacina terapêutica com potencial para revolucionar o tratamento do câncer de pulmão.
A Tedopi ainda não está disponível no mercado, mas a pesquisa representa um passo importante para a aprovação da vacina pelas agências regulatórias. A Ose Immunotherapeutics está conduzindo estudos adicionais para confirmar a eficácia e segurança da Tedopi em diferentes grupos de pacientes.
O sucesso da Tedopi se soma a outros avanços recentes no desenvolvimento de vacinas contra o câncer. A Moderna e a Merck, por exemplo, anunciaram resultados promissores em um ensaio preliminar de uma vacina de RNA mensageiro contra o melanoma em estágio avançado, que reduziu o risco de recorrência e morte pela doença em 44%.
A BioNTech e a Roche também publicaram pesquisas animadoras para pacientes com câncer no pâncreas, com resultados positivos na resposta imune ao tratamento. Na França, a Transgene desenvolveu uma vacina para prevenir a recorrência de cânceres otorrinolaringológicos, com resultados promissores em um pequeno grupo de pacientes.
Esses avanços indicam que a imunoterapia tem um papel cada vez mais importante no combate ao câncer, e que as vacinas terapêuticas podem se tornar uma ferramenta poderosa no tratamento de diversos tipos de tumores. A pesquisa em andamento com a Tedopi e outras vacinas promissoras oferece esperança para pacientes e seus familiares, abrindo novas perspectivas no tratamento do câncer.
Fontes: Catraca-Livre; CNN Brasil; Terra