Um novo estudo publicado no periódico The BMJ sugere que o consumo moderado de chocolate amargo pode estar associado à redução do risco de desenvolver diabetes tipo 2. A pesquisa, que acompanhou mais de 111 mil pessoas ao longo de 25 anos, analisou a relação entre o consumo de diferentes tipos de chocolate e a incidência da doença.
Os benefícios do chocolate amargo: uma questão de flavonoides
A pesquisa revelou que o consumo de pelo menos cinco porções semanais de chocolate amargo, cada uma com 28 gramas, resultou em uma redução de 21% no risco de diabetes tipo 2. É importante ressaltar que o chocolate ao leite não apresentou os mesmos benefícios, sendo inclusive associado ao ganho de peso a longo prazo.
A diferença entre os dois tipos de chocolate, segundo os pesquisadores, reside na concentração de flavonoides, compostos bioativos encontrados no cacau. Os flavonoides atuam como antioxidantes e anti-inflamatórios, auxiliando na melhora da sensibilidade à insulina, um fator crucial na prevenção do diabetes tipo 2.
Binkai Liu, principal autor do estudo e doutorando em nutrição na Escola de Saúde Pública Harvard T.H. Chan, explica que o cacau é a forma menos processada do chocolate, contendo os maiores níveis de flavonoides. Portanto, quanto maior a porcentagem de cacau em uma barra de chocolate amargo, maior será o seu teor de flavonoides e, consequentemente, seus benefícios potenciais para a saúde.
Moderação é a chave: os riscos do consumo excessivo
Embora os resultados do estudo sejam promissores, especialistas alertam para a importância da moderação no consumo de chocolate amargo. Afinal, mesmo essa versão mais saudável ainda contém gorduras saturadas e calorias, podendo contribuir para o ganho de peso se consumido em excesso.
Nestoras Mathioudakis, co-diretor médico do Programa de Prevenção e Educação em Diabetes da Johns Hopkins Medicine, em Baltimore, adverte que o chocolate, por ser um doce com alto teor de açúcar, não deve ser visto como uma solução mágica para o controle da glicose. Ele sugere que, em vez de chocolate, as pessoas busquem fontes alternativas de flavonoides, como frutas vermelhas, maçãs e chá.
Controvérsias e a necessidade de mais pesquisas
É fundamental destacar que o estudo em questão é observacional, o que significa que ele não pode comprovar uma relação direta de causa e efeito entre o consumo de chocolate amargo e a redução do risco de diabetes tipo 2. Outros fatores, como hábitos alimentares e predisposição genética, podem ter influenciado os resultados.
Mathioudakis menciona um estudo anterior que não encontrou benefícios do consumo de cacau para a prevenção do diabetes, destacando a necessidade de mais pesquisas, especialmente ensaios clínicos controlados randomizados, para confirmar os resultados do novo estudo e esclarecer as divergências.
Outro ponto de atenção levantado por Mathioudakis diz respeito à contaminação de chocolate amargo e produtos de cacau por chumbo e cádmio, metais pesados que podem ser prejudiciais à saúde. Ele sugere que, para quem não é fã de chocolate, a melhor opção é buscar flavonoides em frutas e vegetais.
O estudo sobre os benefícios do chocolate amargo no combate ao diabetes tipo 2 abre um lembrete importante: pequenas mudanças na dieta podem ter um impacto positivo na saúde. No entanto, é crucial ter em mente que o chocolate, mesmo o amargo, deve ser consumido com moderação e como parte de uma dieta equilibrada e um estilo de vida saudável. A busca por orientação médica e nutricional é fundamental para determinar a quantidade e o tipo de chocolate mais adequados para cada indivíduo, considerando suas necessidades e condições de saúde.
Fontes: CNN Brasil; Canal Tech; Veja Saúde