Dezembro Laranja: câncer de pele é o tipo mais comum e causa 30% dos tumores malignos

A campanha alerta para o diagnóstico precoce da doença que responde pelo maior número de casos de câncer no país

Manchas que coçam, descamam, ardem ou sangram; feridas que demoram para cicatrizar e pintas que mudam de forma, tamanho ou cor: esses são alguns dos sintomas do câncer de pele. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), esse tipo de câncer é o mais constante no Brasil e está cada vez mais frequente.

De acordo com uma projeção feita pelo INCA para os anos de 2023 a 2025, o câncer mais incidente no país continua sendo o de pele não melanoma, com 31,3%, superando os de mama (10,5%) e próstata (10,2%). Os números mostram a importância da prevenção e do diagnóstico precoce para evitar a doença. A boa notícia é que, como em outros tipos, as taxas de cura do câncer de pele dependem dos estágios em que se encontra a doença: quanto mais rápido for diagnosticado, melhor são as probabilidades de remissão, podendo chegar a 90%.

Não espere até sentir na pele

A campanha Dezembro Laranja deste ano, organizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), tem como tema “Não espere até sentir na pele” e surge com o propósito de conscientizar sobre os riscos da doença, principalmente na estação mais quente do ano. Este verão merece ainda mais atenção, já que no período da pandemia houve uma diminuição de 48% das biópsias realizadas para detecção do câncer de pele, o que aumenta o risco de disseminação para outras partes do corpo, segundo a SBD.

Por que o verão é mais perigoso para a pele?

A resposta vai além do fato de ficarmos mais expostos ao sol nas praias e piscinas. No verão é quando os raios ultravioleta ficam mais incidentes devido à proximidade da Terra com o sol. O principal risco de se expor sem proteção durante as 10h até as 16h é a queimadura solar, que pode levar a formação de bolhas e alteração do DNA das células da pele, desencadeando casos de câncer, principalmente em pessoas com histórico familiar para esse tipo de tumor. O calor e o tempo seco típicos do verão também levam à desidratação da pele, deixando-a mais ressecada e propícia a eczemas e infecções.

Tipos de câncer da pele

O câncer de pele pode ser classificado como melanoma e não melanoma (carcinoma basocelular e espinocelular). Cada um deles tem características particulares, mas lembre-se que somente um médico especializado pode fazer o diagnóstico correto e prescrever a opção de tratamento mais indicada:

Carcinoma basocelular: é o mais comum, correspondendo a cerca de 80% dos casos. Tem baixa letalidade e alta chance de cura em caso de detecção precoce. Surgem mais em regiões expostas ao sol, como rosto, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Pode-se apresentar como uma pinta, mancha, nódulo ou ferida na pele. Algumas manifestações também podem se assemelhar a lesões não cancerígenas, como eczema ou psoríase.

Carcinoma espinocelular: é o segundo mais frequente entre todos os tipos de câncer e acontece duas vezes mais em homens do que em mulheres. Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, lábios, pescoço e couro cabeludo. Esse tipo de carcinoma tem coloração avermelhada e se apresenta na forma de machucados ou feridas espessos e descamativos, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente. Também podem ter aparência similar à das verrugas.

Melanoma: é o tipo menos frequente entre os cânceres da pele, representando 3% do total. Tem o mais alto índice de mortalidade, com risco de metástase. Apesar de causar medo e apreensão nos pacientes, as chances de cura são de mais de 90%, quando há detecção precoce da doença. O melanoma tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons mais escuros. No geral, essas “pintas” ou “sinais” mudam de cor, formato ou tamanho, e podem causar sangramento. Por isso, é fundamental observar a própria pele e procurar imediatamente um dermatologista caso detecte qualquer lesão suspeita.

Como prevenir o câncer de pele

Evitar a exposição excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiação UV é o melhor caminho para prevenir o câncer de pele. Os grupos de maior risco são pessoas de pele clara, com sardas, cabelos claros ou ruivos e olhos claros ou que têm antecedentes familiares com histórico da doença — mas o perigo é real para todos e merece atenção. Veja as principais formas de prevenção do câncer de pele:

Use protetor solar: aplique diariamente, mesmo em dias nublados. O ideal é optar por aqueles com fator de proteção solar (FPS) de 30 ou mais, reaplicando a cada duas horas ou após se molhar ou suar. Evite exposição solar entre às 10h e 16h.

Evitar a exposição excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiação UV com protetor solar é fundamental para a prevenção de câncer (Foto: Freepik)

Fique de olho nas crianças: durante os primeiros 10 anos de vida e mesmo na juventude, até os 20 anos de idade, a exposição aos raios solares é cumulativa, o que potencializa os riscos de câncer de pele na fase adulta. Outro fator de risco para o desenvolvimento de melanoma é a ocorrência de queimaduras solares fortes, principalmente com formações de bolhas. Por isso, é essencial a proteção solar adequada das crianças quando expostas ao sol.

Faça o autoexame: em áreas como rosto, mãos, braços, pernas e pés, fique de olho em novas manchas ou acompanhe possíveis alterações nas que já existem. Já nas partes de difícil visualização, como costas ou couro cabeludo, use um espelho ou peça ajuda para outra pessoa. Caso perceba alguma alteração, agende uma consulta com um dermatologista.

Passe longe das câmaras de bronzeamento artificial: elas trazem riscos comprovados à saúde e foram reclassificadas como agentes cancerígenos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A prática de bronzeamento artificial antes dos 35 anos aumenta em 75% o risco de câncer da pele, além de acelerar o envelhecimento precoce e provocar outras dermatoses.

Fontes: Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); Instituto Nacional do Câncer (INCA); Organização Mundial da Saúde (OMS); Ministério da Saúde (MS).

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