Dia da Gula acende alerta sobre compulsão alimentar: entenda as causas e como buscar ajuda

Dia da Gula alerta para os perigos da compulsão alimentar: saiba como identificar causas e buscar ajuda

O dia 26 de janeiro é conhecido mundialmente como o Dia da Gula, uma data que, apesar de ser celebrada por alguns, serve principalmente para alertar sobre a compulsão alimentar, um transtorno que afeta uma parcela significativa da população mundial. A compulsão alimentar, caracterizada pelo consumo excessivo de comida de forma descontrolada, é um problema sério que pode levar a diversas complicações de saúde. Este artigo explora as causas, sintomas e abordagens de tratamento para este distúrbio, com base em informações de especialistas e dados de fontes confiáveis.

O que é compulsão alimentar?

A compulsão alimentar é um transtorno que se manifesta através da ingestão de grandes quantidades de comida, mesmo quando a pessoa não está com fome. De acordo com a psicóloga Bárabara Santos, coordenadora do Núcleo de Transtornos Alimentares da Holiste, “a pessoa come para se ver livre da angústia, por exemplo. Ela não tem fome e come além da sua necessidade como uma tentativa de tapar um buraco emocional”. Essa busca por conforto na comida é frequentemente uma resposta a emoções difíceis e pode levar a um ciclo vicioso de compulsão e culpa.

Segundo Amanda Damasceno, terapeuta da Ixer, “O estresse, a ansiedade e a depressão são gatilhos comuns para a compulsão alimentar. A comida, nesse contexto, se torna uma forma de buscar conforto e alívio”. O ato de comer, nesse cenário, deixa de ser uma necessidade física para se tornar uma forma de lidar com o sofrimento emocional.

Causas e gatilhos

As causas da compulsão alimentar são multifacetadas e envolvem fatores psicológicos, emocionais e, em alguns casos, genéticos. Os principais gatilhos incluem:

  • Questões emocionais: Insegurança, ansiedade, estresse e depressão são grandes contribuintes para a compulsão alimentar. A comida é utilizada como um mecanismo de enfrentamento para lidar com essas emoções.
  • Traumas e experiências passadas: Eventos traumáticos podem deixar marcas emocionais que se manifestam através de comportamentos alimentares disfuncionais.
  • Fatores psicológicos: A falta de controle sobre a ingestão de alimentos pode estar ligada a questões de autoestima, autoimagem e dificuldades em lidar com emoções negativas.

É importante ressaltar que, muitas vezes, a pessoa com compulsão alimentar não consegue identificar a causa do problema, mas com acompanhamento terapêutico, é possível encontrar os gatilhos.

Sintomas da compulsão alimentar

Os sintomas da compulsão alimentar vão além da simples ingestão excessiva de comida. Alguns dos principais sinais incluem:

  • Ingestão de alimentos sem fome: Comer mesmo quando não se tem necessidade física, apenas para aliviar tensões ou emoções.
  • Perda de controle: Incapacidade de parar de comer, mesmo quando se está satisfeito.
  • Comer escondido: Vergonha de comer em público, levando a pessoa a se isolar para comer.
  • Sentimento de culpa e vergonha: Após episódios de compulsão, a pessoa pode experimentar sentimentos de culpa, remorso e baixa autoestima.
  • Pensamentos frequentes sobre comida: A pessoa passa boa parte do tempo pensando em comida e nas próximas refeições.
  • Desconforto físico: Comer até se sentir fisicamente desconfortável, ultrapassando os limites do corpo.
compulsão alimentar
O estresse, a ansiedade e a depressão são gatilhos comuns para a compulsão alimentar (Foto: Freepik)

A compulsão alimentar não é apenas sobre a quantidade de comida, mas também sobre a falta de controle e as emoções associadas a esse comportamento.

Impactos na saúde física e mental

A compulsão alimentar pode levar a diversas complicações de saúde, tanto físicas quanto mentais. Algumas das consequências mais comuns incluem:

  • Obesidade: O consumo excessivo de calorias pode levar ao ganho de peso e obesidade, aumentando o risco de outras doenças.
  • Problemas de saúde: A obesidade pode aumentar o risco de doenças cardíacas, diabetes, problemas respiratórios e cálculo renal.
  • Transtornos emocionais: A compulsão alimentar está frequentemente associada a quadros de ansiedade, depressão e baixa autoestima.

É importante buscar ajuda profissional ao notar esses sintomas, pois o tratamento adequado pode melhorar significativamente a qualidade de vida da pessoa.

Tratamento e prevenção

O tratamento para a compulsão alimentar deve ser multiprofissional e personalizado. Algumas abordagens comuns incluem:

  • Psicoterapia: Ajuda a identificar as causas emocionais da compulsão alimentar, como traumas e experiências passadas, e a desenvolver estratégias para lidar com essas questões. A terapia auxilia a pessoa a encontrar alternativas para lidar com as emoções que não envolvam a comida.
  • Acompanhamento nutricional: Orientações para uma alimentação saudável e equilibrada, que ajude a controlar a compulsão e a regular o peso.
  • Tratamento médico: Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos para tratar transtornos associados, como ansiedade ou depressão.

Além do tratamento profissional, algumas mudanças no estilo de vida podem auxiliar no controle da compulsão alimentar:

  • Alimentos que aumentam a serotonina: Incluir na dieta alimentos como queijo, frango, peru, ovos, salmão, banana, abacate, abacaxi, couve-flor, brócolis, batata, beterraba, ervilhas, nozes, amendoim, caju, castanha do Brasil, soja e derivados, cacau e canela, que ajudam a aumentar a sensação de bem-estar.
  • Ingestão de água e fibras: Beber bastante água e consumir alimentos ricos em fibras aumentam a sensação de saciedade, ajudando a controlar a compulsão.
  • Não ficar muito tempo sem comer: Evitar longos períodos sem se alimentar para prevenir a hipoglicemia e a compulsão por alimentos calóricos.
  • Prestar atenção ao que come: Saborear os alimentos e prestar atenção no que está sendo ingerido facilita o controle dos excessos.
  • Prática de atividades físicas regulares: Exercícios físicos ajudam a controlar a ansiedade e o estresse, contribuindo para o controle da compulsão.
  • Sono adequado: Dormir bem é essencial para o equilíbrio hormonal e emocional, auxiliando no controle da compulsão alimentar.
  • Reeducação alimentar: Manter uma reeducação alimentar constante é mais eficaz do que seguir dietas restritivas por curtos períodos.

É extremamente importante ter uma relação saudável com a comida, como destaca a terapeuta Amanda Damasceno: “é importante aprender a aceitar o seu corpo como ele é, e para isso, é preciso fazer parte de círculos sociais que sejam acolhedores e que abordem a alimentação como algo positivo”. A pressão social por padrões de beleza inatingíveis pode levar a uma relação problemática com a comida, por isso, é essencial educar as crianças desde cedo para desenvolverem um pensamento crítico e uma relação saudável com o corpo e a alimentação.

O Dia da Gula serve como um lembrete para a importância de abordar a compulsão alimentar de forma séria e consciente. É fundamental reconhecer que esse transtorno vai além do simples excesso de comida e envolve questões emocionais profundas. Buscar ajuda profissional e adotar hábitos saudáveis são passos importantes para retomar o controle da alimentação e promover o bem-estar físico e mental. A conscientização e a informação são o primeiro passo para uma relação mais saudável com a comida e com o próprio corpo.

Fontes: Jornal Estado de Minas; Terra; Terapeuta Amanda Damasceno

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