Um novo estudo publicado no periódico Neurology® da Academia Americana de Neurologia traz esperança para milhões de pessoas que sofrem com enxaqueca. A pesquisa sugere que o medicamento ubrogepant, quando tomado aos primeiros sinais de uma crise, antes mesmo da dor de cabeça começar, pode ajudar os pacientes a seguirem com suas atividades diárias com poucos ou nenhum sintoma.
Ubrogepant: combatendo a enxaqueca desde o início
O estudo se concentrou em indivíduos que conseguem identificar os sinais de uma crise iminente, como sensibilidade à luz e som, fadiga, dor ou rigidez no pescoço e tontura. O ubrogepant atua como um antagonista do receptor do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, ou inibidor de CGRP, uma proteína fundamental no processo da enxaqueca.
O Dr. Richard B. Lipton, autor do estudo e membro da Academia Americana de Neurologia, destaca a prevalência da enxaqueca e a necessidade de tratamentos eficazes: “A enxaqueca é uma das doenças mais prevalentes em todo o mundo, mas muitas pessoas que sofrem com essa condição não recebem tratamento ou relatam que não estão satisfeitas com seu tratamento”. Ele complementa: “Melhorar o atendimento aos primeiros sinais de enxaqueca, mesmo antes de a dor de cabeça começar, pode ser a chave para melhores resultados. Nossas descobertas são encorajadoras, sugerindo que o ubrogepant pode ajudar pessoas com enxaqueca a funcionar normalmente e seguir com seu dia”.
Resultados promissores: mais autonomia e qualidade de vida
O estudo contou com 518 participantes que sofriam de enxaqueca há pelo menos um ano, com 2 a 8 crises por mês nos três meses anteriores à pesquisa. Todos os participantes experimentavam regularmente sinais premonitórios de uma enxaqueca iminente. Os participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro recebeu placebo na primeira crise, seguido por 100mg de ubrogepant na segunda; o segundo grupo tomou ubrogepant na primeira crise e placebo na segunda.

Os participantes registraram suas limitações de atividade em um diário, usando uma escala de 0 a 5, sendo 0 “nenhuma limitação – eu poderia fazer tudo” e 4 “extremamente limitado”. Após 24 horas, 65% dos que tomaram ubrogepant relataram “nenhuma limitação” ou “um pouco limitado”, contra 48% dos que tomaram placebo. Duas horas após a medicação, 73% dos participantes que tomaram ubrogepant relataram “nenhuma incapacidade, capaz de funcionar normalmente” em comparação com o grupo placebo.
O Dr. Lipton ressalta a importância dos resultados: “Com base em nossas descobertas, o tratamento com ubrogepant pode permitir que pessoas com enxaqueca que experimentam sinais de alerta precoce antes que uma enxaqueca ocorra tratem rapidamente as crises em seus estágios iniciais e sigam com suas vidas diárias com pouco desconforto e interrupção”. Ele conclui: “Isso pode levar a uma melhor qualidade de vida para aqueles que vivem com enxaqueca”.
Limitações do estudo e próximos passos
É importante notar que os participantes registraram seus sintomas e uso de medicamentos em diários eletrônicos, o que pode ter levado a imprecisões na coleta de dados. Além disso, o estudo foi financiado pela AbbVie, fabricante do ubrogepant.
Os resultados do estudo são promissores e abrem caminho para novas pesquisas sobre o uso do ubrogepant no tratamento precoce da enxaqueca. É fundamental que mais estudos sejam realizados para confirmar a eficácia e segurança do medicamento a longo prazo, além de investigar sua aplicação em diferentes perfis de pacientes. A comunidade médica e os pacientes aguardam ansiosos por mais avanços nesse campo, na busca por soluções que proporcionem alívio e melhorem a qualidade de vida de quem sofre com essa condição debilitante.
Fontes: Science Daily