Um novo estudo da Universidade do Colorado em Boulder sugere que cada dia adicional de exposição à fumaça de incêndios florestais e outras formas extremas de ar poluído aumenta o risco de doenças mentais em jovens. O estudo, publicado no periódico Environmental Health Perspectives, analisou dados de 10.000 pré-adolescentes participantes do Estudo de Desenvolvimento Cognitivo do Cérebro Adolescente (ABCD), o maior estudo de longo prazo sobre desenvolvimento cerebral e saúde infantil já realizado nos Estados Unidos.
Os pesquisadores descobriram que um maior número de dias com níveis de poluição do ar por partículas finas acima dos padrões da Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA estava associado ao aumento dos sintomas de doenças mentais, tanto durante o ano de exposição quanto até um ano depois. Este estudo é um dos primeiros a analisar os impactos potenciais em adolescentes, cujos cérebros ainda estão em desenvolvimento.
Sobre os participantes do estudo
A equipe de pesquisa correlacionou os endereços dos participantes com dados históricos de qualidade do ar para determinar quantos dias, em 2016, os jovens foram expostos a níveis de PM2.5 – material particulado com um diâmetro inferior a 2,5 micrômetros – acima de 35 microgramas por metro cúbico (35ug/m3), nível que a EPA considera inseguro. Os resultados mostraram que cerca de um terço dos participantes foram expostos a pelo menos um dia acima do padrão da EPA, com um participante exposto a níveis inseguros por 173 dias. O nível mais alto de exposição relatado foi de 199 microgramas/m3 – mais de cinco vezes o nível considerado seguro.
A análise dos questionários dos pais em quatro momentos diferentes ao longo de três anos revelou que, em ambos os sexos, cada dia adicional de exposição a níveis inseguros aumentava a probabilidade de um jovem apresentar sintomas de depressão, ansiedade e outros “sintomas internalizantes” até um ano depois. Esses resultados foram consistentes mesmo após levar em consideração uma ampla gama de fatores potencialmente confundidores, incluindo raça, condição socioeconômica e, principalmente, saúde mental dos pais.
Poluição do ar e os efeitos que podem causar em jovens
O estudo destaca a importância de abordar os impactos da poluição do ar na saúde mental dos jovens, especialmente no contexto do aumento da frequência e intensidade dos incêndios florestais. Os autores do estudo enfatizam a necessidade de mais pesquisas para entender os mecanismos pelos quais a exposição à fumaça de incêndios florestais afeta o cérebro em desenvolvimento e identificar estratégias para mitigar esses riscos.
É importante observar que este estudo encontrou uma associação entre a exposição à fumaça de incêndios florestais e o aumento do risco de doenças mentais, mas não prova uma relação de causa e efeito. Mais pesquisas são necessárias para confirmar essas descobertas e explorar outros fatores que podem estar envolvidos.
Fonte: Sciency Daily