A memória, um elemento fundamental da nossa experiência humana, é frequentemente objeto de admiração e frustração. Enquanto alguns parecem dotados da capacidade de recordar nomes, datas e eventos com impressionante clareza, outros lutam para se lembrar de tarefas simples do dia a dia. A boa notícia é que a capacidade de memorização não é um dom imutável, mas sim uma habilidade que pode ser aprimorada com a prática de técnicas adequadas.
Estudos demonstram que a memória não é um conceito único, mas sim um conjunto complexo de sistemas interligados, cada um com suas características e funções. Embora a genética tenha um papel na nossa capacidade de memorizar, a prática de estratégias específicas ao longo do tempo pode levar ao desenvolvimento de habilidades excepcionais de memorização.
Método dos Loci: Uma Jornada Visual para a Memorização
Entre as técnicas mnemônicas, destaca-se o Método dos Loci, uma ferramenta poderosa que utiliza a visualização espacial para melhorar a capacidade de recordar informações. Essa técnica consiste em associar os itens que se deseja memorizar a lugares específicos em um ambiente familiar, como o trajeto para o trabalho ou o layout da sua casa.
Imagine, por exemplo, que você precisa se lembrar de comprar pão, leite, ovos e queijo no supermercado. Utilizando o Método dos Loci, você poderia visualizar o seu trajeto até o mercado e “colocar” mentalmente cada item em um ponto específico do caminho: o pão na porta da sua casa, o leite na esquina seguinte, os ovos em frente à banca de jornal e o queijo na entrada do supermercado. Ao visualizar esse percurso mentalmente, a lembrança dos itens da lista se torna mais fácil e natural.
A eficácia do Método dos Loci reside em três princípios chave: a associação de novas informações com o conhecimento prévio, a criação de um caminho mental que conecta as informações a serem aprendidas e a repetição da prática da técnica.
Estratégias Mnemônicas: Acrônimos e Acrósticos
As técnicas de Acrônimos e Acrósticos oferecem uma abordagem alternativa para a memorização, particularmente útil para listas e conjuntos de informações. Os acrônimos consistem na criação de palavras a partir das primeiras letras de cada item que se deseja memorizar. Já os acrósticos utilizam a primeira letra de cada palavra de uma frase para representar os itens a serem lembrados.
Aprimorando a Memória: Além das Técnicas Mnemônicas
Para além das técnicas mnemônicas, a compreensão profunda das informações e a sua conexão com o conhecimento prévio são cruciais para a memorização eficaz. Ao conectar novos conhecimentos a informações já existentes em nossa mente, criamos uma rede de associações que facilita o processo de memorização e recuperação da informação.
A prática regular é fundamental para fortalecer as conexões neurais e tornar a memorização mais eficiente. Quanto mais nos desafiamos a aprender coisas novas e a utilizar técnicas eficazes de memorização, mais fácil se torna o processo de adquirir e reter informações.
Sintomas e causas para a perda de memória
Em tempos de rotinas aceleradas e informações constantes, é cada vez mais comum se deparar com lapsos de memória, especialmente entre jovens adultos. A sensação de esquecimento, por vezes banal, pode ser um sinal de alerta para causas que vão além do cansaço do dia a dia.
De acordo com a neurologista Dra. Nayara dos Santos Reimer, em um artigo publicado em 22 de abril de 2021, a ansiedade figura como a principal causa de perda de memória em todas as faixas etárias, especialmente entre os jovens. A especialista explica que a ansiedade desencadeia uma ativação de múltiplas regiões cerebrais, aumentando a atenção e a hipervigilância a estímulos ameaçadores. Esse estado de alerta constante pode levar a lapsos de memória por desatenção e falta de concentração.
Situações estressantes, como apresentações em público, provas ou eventos impactantes, também podem resultar em esquecimentos repentinos. Além disso, estudos científicos revelam que o estresse crônico provoca a liberação excessiva do hormônio cortisol, o que pode prejudicar a memória a curto prazo e até mesmo causar atrofia em áreas do cérebro responsáveis pelo armazenamento de informações.
A depressão também ocupa um lugar de destaque entre as causas de esquecimentos em jovens. Esse transtorno mental afeta a produção de neurotransmissores essenciais para as funções cognitivas, como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina, resultando em disfunção executiva, déficit de atenção e lentidão no processamento de informações.
Outro fator que pode estar por trás dos esquecimentos é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), um distúrbio neuropsiquiátrico que, muitas vezes, se manifesta na infância com dificuldades de aprendizagem. Caracterizado pela tríade desatenção, impulsividade e hiperatividade, o TDAH pode ser diagnosticado apenas na vida adulta, com sintomas como desatenção, dificuldade de organização, esquecimento de atividades cotidianas e procrastinação.
A privação do sono crônica, ou seja, dormir menos de 6 a 8 horas por noite, também pode ter consequências negativas para a memória. Durante o sono, ocorrem processos vitais para o bom funcionamento do nosso cérebro, como a consolidação das memórias. A falta de sono adequado pode prejudicar a memória e o aprendizado, além de afetar a tomada de decisões, a atenção e o humor.
É importante destacar que o uso prolongado e indiscriminado de medicamentos, como sedativos, hipnóticos, ansiolíticos, antidepressivos, relaxantes musculares e calmantes, também pode afetar a memória. A utilização desses medicamentos deve ser sempre orientada e acompanhada por um médico para evitar efeitos colaterais indesejados.
Para qualquer diagnóstico, você precisa procurar um médico especializado.
Fonte: Blog Neurológica e site ND+