O mês de janeiro carrega um importante compromisso com a saúde feminina: conscientizar sobre a prevenção e o tratamento do câncer de colo uterino, terceira maior causa da doença entre mulheres no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A campanha busca alertar a população sobre a importância da prevenção, diagnóstico precoce e acesso a tratamentos que podem salvar vidas.
A desigualdade no acesso à saúde é um dos principais fatores que contribuem para a alta taxa de mortalidade pelo câncer de colo uterino no Brasil. Enquanto as mulheres norte-americanas têm índices de mortalidade três vezes menores, mulheres latino-americanas enfrentam dificuldades em obter vacinas, exames preventivos e tratamentos adequados.
“Essa disparidade reflete a urgência de ações que promovam a conscientização e facilitem o acesso aos serviços de saúde. É essencial garantir que todas as mulheres, independentemente de sua condição socioeconômica, tenham acesso às ferramentas de prevenção e diagnóstico precoce,” destaca a Dra. Solange Miyabe, oncologista do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC).
A principal causa do câncer de colo uterino é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), uma doença sexualmente transmissível que pode ser prevenida com a vacinação. Disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina contra o HPV é indicada para meninas e meninos entre 9 e 14 anos, além de grupos imunossuprimidos, como pacientes oncológicos, transplantados e pessoas vivendo com HIV.
“Investir na vacinação é investir no futuro. A vacina é segura, eficaz e uma aliada poderosa na redução dos índices de câncer de colo uterino. Precisamos reforçar essa mensagem para as famílias brasileiras,” explica Dra. Solange.
Outra ferramenta essencial para a prevenção é o exame de Papanicolau, que detecta alterações pré-malignas no colo do útero antes que a doença se torne invasiva. Toda mulher que tem ou já teve vida sexual ativa deve realizar o exame periodicamente, especialmente entre os 25 e 59 anos. “O exame salva vidas porque permite identificar a doença em estágios iniciais, quando o tratamento é mais simples e com maior eficácia,” afirma a especialista.
O tratamento do câncer de colo uterino varia conforme o estágio da doença. Em fases iniciais, é possível realizar cirurgias curativas. Nos casos mais avançados, combinam-se radioterapia, quimioterapia e imunoterapia. Recentemente, inovações como os conjugados anticorpo-droga vêm ampliando as opções terapêuticas, oferecendo esperança para pacientes com metástase.
“O avanço da ciência tem sido uma luz para muitas mulheres. No entanto, precisamos garantir que essas inovações cheguem a todas que delas necessitam,” reforça a oncologista.
O Janeiro Verde é um chamado para que mulheres, famílias e profissionais de saúde trabalhem juntos pela prevenção e pelo cuidado. A informação é a maior aliada para combater o câncer de colo uterino e reduzir as desigualdades que comprometem a saúde feminina no Brasil. “Cuidar da saúde é um ato de amor e responsabilidade. Aproveitem o início do ano para priorizar os exames preventivos e para conscientizar as pessoas ao seu redor,” finaliza Dra. Solange.
Fatores de risco para o câncer de colo do útero
Além da infecção pelo HPV, outros fatores podem aumentar o risco de desenvolver câncer de colo do útero:
- Início precoce da vida sexual
- Múltiplos parceiros sexuais
- Tabagismo
- Uso prolongado de pílulas anticoncepcionais
- Sistema imunológico enfraquecido
- Ter mais de 5 filhos ou ter engravidado em idade precoce (abaixo dos 17 anos)
Como prevenir o câncer de colo do útero?
A prevenção do câncer de colo do útero envolve medidas para reduzir o risco de infecção pelo HPV e a detecção precoce da doença. As principais formas de prevenção são:
- Vacinação contra o HPV: A vacina é uma forma eficaz de prevenir a infecção pelos subtipos mais comuns de HPV, incluindo aqueles que causam câncer de colo do útero. No Brasil, a vacina tetravalente está disponível gratuitamente no SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, e também para homens e mulheres imunossuprimidos de 9 a 45 anos. É importante ressaltar que a vacina é mais eficaz quando administrada antes do início da vida sexual.
- Exame preventivo Papanicolau: O Papanicolau é um exame simples e eficaz para detectar alterações celulares no colo do útero. Ele deve ser realizado periodicamente por mulheres que têm ou já tiveram atividade sexual, na faixa etária de 25 a 64 anos. A periodicidade do exame pode variar, sendo recomendado anualmente nos primeiros exames e a cada três anos caso os resultados sejam normais. Mesmo mulheres vacinadas contra o HPV devem realizar o exame, pois a vacina não protege contra todos os subtipos oncogênicos do vírus.
- Teste para detecção de DNA-HPV (teste de HPV): O teste de HPV pode ser usado para rastrear o câncer do colo uterino, juntamente com a citologia, e permite aumentar o intervalo entre as coletas para cinco anos, caso ambos os exames sejam negativos.
- Uso de preservativo nas relações sexuais: O preservativo, embora não previna totalmente a transmissão do HPV, ajuda a reduzir o risco de contágio e também protege contra outras infecções sexualmente transmissíveis. É importante lembrar que o contato com a pele da região anogenital também pode transmitir o HPV, e o preservativo feminino oferece uma proteção maior.
- Evitar o tabagismo: Mulheres fumantes têm um risco aumentado de desenvolver câncer de colo do útero devido aos danos causados pelos produtos químicos do tabaco nas células do colo uterino.
- Limitar o número de parceiros sexuais: Reduzir o número de parceiros sexuais e evitar relações sexuais com pessoas que tiveram múltiplos parceiros pode diminuir o risco de exposição ao HPV.
Principais sintomas da doença
O câncer de colo do útero geralmente se desenvolve de forma silenciosa, sem apresentar sintomas nos estágios iniciais. Os sintomas mais comuns surgem quando a doença já está em uma fase mais avançada:
- Sangramento vaginal anormal: Sangramento durante ou após a relação sexual, entre os períodos menstruais ou após a menopausa.
- Verrugas genitais: Lesões na pele causadas pelo HPV.
- Perda de peso sem motivo aparente: Emagrecimento sem dieta ou atividade física.
- Cistite: Infecções urinárias frequentes.
- Corrimento vaginal anormal: Secreção com odor e textura diferentes do normal.
- Retenção de líquidos: Inchaço nas pernas e abdômen.
- Dor durante a relação sexual: Desconforto ou dor durante o ato sexual.
- Anemia: Fadiga, cansaço e palidez causados pela falta de ferro no sangue.
- Tensão lombar: Dor nas costas e na região lombar.
É importante ressaltar que esses sintomas podem ser causados por outras condições, e o diagnóstico definitivo deve ser feito por um médico.
A importância da prevenção e detecção precoce
A prevenção e a detecção precoce são essenciais para reduzir a incidência e a mortalidade do câncer de colo do útero. Ao seguir as recomendações médicas, como a vacinação contra o HPV e a realização periódica do Papanicolau, as mulheres podem se proteger contra a doença e aumentar as chances de cura em caso de diagnóstico. É fundamental que as mulheres estejam atentas aos sinais e sintomas da doença e busquem atendimento médico ao perceber qualquer alteração. O diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de sucesso no tratamento, com possibilidades de cura de 100% em alguns casos.
A campanha Janeiro Verde, que se assemelha ao Outubro Rosa e Novembro Azul, foi criada para conscientizar a população sobre a importância da prevenção do câncer de colo do útero. Iniciativas como essa, juntamente com a divulgação de informações sobre a doença, são essenciais para aumentar a adesão aos exames preventivos e salvar vidas.
Em resumo, o câncer de colo do útero é uma doença grave, mas com prevenção e tratamento eficazes. Ao se informar sobre a doença, seus fatores de risco, sintomas e formas de prevenção, as mulheres podem tomar medidas para se proteger e garantir um futuro mais saudável.
