Médicos conseguem restaurar visão de pacientes a partir de células-tronco

Um estudo inovador usou células-tronco para restaurar a visão de pacientes com lesões na córnea

Em um estudo inovador publicado na revista The Lancet, pesquisadores japoneses conseguiram restaurar parcialmente a visão de pacientes com lesões graves na córnea utilizando células-tronco. Essa técnica, pioneira no campo da oftalmologia, abre caminho para novos tratamentos para doenças oculares e oferece esperança para milhões de pessoas que sofrem com problemas de visão.

A promessa das células-tronco para a saúde ocular

Células-tronco são células indiferenciadas com o potencial de se transformar em diferentes tipos de células do corpo. Essa capacidade regenerativa tem sido explorada em diversas áreas da medicina, incluindo a oftalmologia. No caso do estudo publicado na The Lancet, os pesquisadores utilizaram células-tronco pluripotentes induzidas (iPS), um tipo de célula-tronco que pode ser gerada a partir de células adultas, como as células sanguíneas.

O estudo, conduzido pelo Dr. Kohji Nishida e sua equipe da Universidade de Osaka, no Japão, envolveu quatro pacientes com deficiência de células-tronco limbares (LSCD) em ambos os olhos. A LSCD é uma condição grave que causa cicatrizes na córnea, levando à perda progressiva da visão. As causas da LSCD podem ser traumas, doenças autoimunes ou genéticas.

O procedimento e os resultados promissores

O procedimento consistiu em remover o tecido cicatricial da córnea e enxertar as células iPS reprogramadas. Os cientistas coletaram células sanguíneas de um doador saudável e as reprogramaram para um estado semelhante ao embrionário, transformando-as em uma fina camada de células da córnea. Essas células foram então transplantadas nos pacientes.

visão recuperada
Três dos quatro pacientes que passaram pelo procedimento apresentaram melhora significativa na visão, com efeitos duradouros por mais de um ano (Foto: Freepik)

Os resultados foram animadores: três dos quatro pacientes apresentaram melhora significativa na visão, com efeitos duradouros por mais de um ano. O quarto paciente também apresentou melhora, embora menos expressiva. Além disso, o estudo relata que nenhum dos pacientes apresentou efeitos colaterais graves após dois anos de acompanhamento. Os enxertos não formaram tumores e não foram rejeitados pelo sistema imunológico dos pacientes, mesmo nos casos em que imunossupressores não foram utilizados.

Próximos passos e o futuro da terapia com células-tronco

Embora os resultados sejam promissores, ainda não está claro se a melhora na visão se deve à ação direta das células transplantadas ou à remoção do tecido cicatricial, que pode ter favorecido a regeneração das células naturais dos pacientes. Para esclarecer essa questão e avaliar a eficácia do tratamento em uma escala maior, a equipe do Dr. Nishida planeja iniciar ensaios clínicos em março de 2025.

Vale ressaltar que outros estudos com células-tronco para o tratamento de doenças oculares estão em andamento em diversos países. Em 2014, uma mulher japonesa recebeu um transplante de células-tronco para tratar a degeneração macular relacionada à idade. No Brasil, um estudo realizado em 2017 pela Universidade de São Paulo (USP) demonstrou a segurança e a eficácia do autotransplante de células-tronco da medula óssea para o tratamento da mesma condição.

A pesquisa com células-tronco na oftalmologia avança rapidamente e oferece esperança para o desenvolvimento de novas terapias para uma ampla gama de doenças oculares, incluindo a cegueira. Os resultados do estudo publicado na The Lancet representam um passo importante nessa direção e abrem caminho para um futuro mais promissor para pacientes com problemas de visão.

Fontes: CNN Brasil; Mentrópoles

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