Saúde e a COP 27: entenda por que as mudanças climáticas estão diretamente ligadas a doenças graves

Aquecimento global, poluição e desastres naturais podem causar doenças e, consequentemente, impactar os sistemas de saúde de todos os países

Ondas de calor recordes, períodos de secas e inundações. Todos esses são eventos  relacionados às mudanças climáticas que aconteceram ao longo deste ano. Para quem ainda acha que se preocupar com o meio ambiente é algo muito distante ou papo de gente chata, saiba que cada alteração no clima pode influenciar diretamente na saúde e roubar anos de vida — sua e do nosso planeta.

O assunto é urgente e não pode ficar por último na lista de prioridades dos governos. Prova disso é que a saúde foi um dos principais motivos para as discussões sobre mudanças climáticas durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), que aconteceu no Egito, e terminou na madrugada do dia 20 de novembro. Antes mesmo do início da conferência, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, fez um apelo para que a saúde pública ocupasse um lugar central em meio aos debates entre os países. “As mudanças climáticas estão deixando milhões de pessoas doentes ou mais vulneráveis ​​a doenças em todo o mundo e a crescente destrutividade de eventos climáticos extremos afeta desproporcionalmente as comunidades pobres e marginalizadas. É crucial que líderes e tomadores de decisão se reúnam na COP 27 para colocar a saúde no centro das negociações”, disse.

A COP 27 teve a saúde pública como um dos pontos centrais dos debates entre países (Foto: Secretariado da COP 27/Flickr)

A epigenética, área de pesquisa científica que mostra como as influências ambientais afetam a expressão dos genes, comprova que as mudanças climáticas são responsáveis por causar doenças e, consequentemente, impactar os sistemas de saúde de todos os países. Para se ter uma ideia, um relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), mostra que a desnutrição no mundo aumentou em quase 50% desde 2012, além dos choques ambientais com graves danos à saúde mental. Já na revista Nature, o pesquisador Colin J. Carlson, junto com outros colaboradores, indica que uma mudança global em todos os ambientes facilitará o aparecimento de doenças que não existiam anteriormente em áreas limitadas ou o aumento das já existentes.

Segundo a OMS, entre 2030 e 2050 o aquecimento global poderá causar mais de 250 mil mortes ao ano, devido a diversas doenças como malária, diarreia e desnutrição. O aumento da poluição, apontada como um dos maiores vilões da atualidade, também está ligada diretamente às doenças cardiovasculares — OMS estima que o mundo deve ter 8 milhões de mortes antecipadas por conta da poluição.

O que ficou após a COP 27

O final da COP 27 agradou, mas também decepcionou os participantes. De um lado, foi conquistado um avanço histórico, com a criação de um fundo de reparação por perdas e danos às nações mais afetadas, com implementação prevista para 2024. O texto prevê a “criação de novos mecanismos de financiamento para ajudar países em desenvolvimento que são particularmente vulneráveis aos efeitos adversos das mudanças climáticas”. Por outro lado, temas fundamentais no combate ao aquecimento global, como a eliminação dos combustíveis fósseis, não ganharam medidas efetivas a favor do planeta. 

Fontes: Organização Mundial da Saúde (OMS); Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde (RETS); Center on The Developing Child, da Harvard University.

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