Em meio à correria do dia a dia, é comum ignorarmos os sinais do nosso corpo, inclusive a vontade de ir ao banheiro. Segurar o xixi, ocasionalmente, pode parecer inofensivo, mas a prática frequente pode trazer consequências sérias para a saúde, alertam especialistas. Diversos problemas, desde infecções urinárias até danos renais permanentes, podem surgir como resultado desse hábito.
Como funciona o sistema urinário?
Entender o funcionamento do sistema urinário é fundamental para compreender os riscos de segurar o xixi. O processo se inicia nos rins, que filtram o sangue e produzem a urina, uma mistura de água, ureia, glicose, sais e aminoácidos.
A urina, então, percorre os ureteres até chegar à bexiga, um órgão muscular que serve como reservatório. A capacidade média da bexiga é de 400 a 600 ml, mas a vontade de urinar geralmente surge quando ela está pela metade, com cerca de 200 a 250 ml.
Quando a bexiga atinge um determinado nível de enchimento, receptores nervosos enviam sinais ao cérebro, indicando a necessidade de urinar. O cérebro, por sua vez, controla o músculo do esfíncter uretral, que se relaxa para permitir a saída da urina pela uretra.
Por que segurar o xixi faz mal?
A retenção da urina por longos períodos interfere no delicado equilíbrio do sistema urinário, aumentando o risco de infecções, enfraquecendo os músculos da bexiga e, em casos extremos, causando danos renais.
Veja os principais problemas que podem surgir:
- Infecção urinária: A urina, ao ser eliminada, remove bactérias do trato urinário. Segurar o xixi permite que as bactérias se multipliquem, aumentando o risco de infecção. Se não tratada, a infecção pode se espalhar para os rins, causando pielonefrite e até mesmo sepse.
- Enfraquecimento da bexiga: A retenção frequente da urina tensiona os músculos da bexiga, que podem perder a força e a capacidade de se contrair adequadamente. Isso leva à dificuldade para esvaziar completamente a bexiga, aumentando o risco de infecções e incontinência urinária.
- Danos renais: Em casos extremos, segurar o xixi pode forçar a urina a voltar para os rins, causando infecções, danos renais ou hidronefrose, uma condição em que os rins incham devido ao acúmulo de urina.
- Outros problemas: Além dos problemas mencionados, segurar o xixi pode causar dor abdominal, cólicas e pedras na bexiga.
Fatores de risco e grupos mais vulneráveis
Embora existam riscos para todos, alguns grupos são mais vulneráveis aos efeitos nocivos de segurar o xixi:
- Mulheres: A uretra feminina é mais curta que a masculina e está localizada próxima à vagina e ao ânus, facilitando a entrada de bactérias na bexiga.
- Homens com hiperplasia prostática: O aumento da próstata pode comprimir a uretra, dificultando a micção e aumentando o risco de problemas.
- Idosos: A capacidade da bexiga de se esvaziar completamente diminui com a idade.
- Gestantes: O útero em crescimento pressiona a bexiga, aumentando o risco de infecções urinárias.
- Pessoas com bexiga neurogênica ou distúrbios renais.
- Pessoas expostas a toxinas, como fumantes e trabalhadores de postos de gasolina: O contato com essas substâncias aumenta o risco de câncer de bexiga.
Quando procurar ajuda médica?
É fundamental procurar ajuda médica se você:
- Sente dor ou dificuldade para urinar.
- Observa sangue na urina.
- Tem febre associada a sintomas urinários.
- Urina com muita frequência ou em pequenas quantidades.
- Sente vontade frequente de urinar à noite.
- Tem perda involuntária de urina (incontinência).
Dicas para manter o sistema urinário saudável
Para evitar problemas, adote hábitos saudáveis:
- Beba bastante água: O ideal é consumir cerca de dois litros de água por dia.
- Vá ao banheiro quando sentir vontade: Não ignore os sinais do seu corpo.
- Evite o consumo excessivo de cafeína e álcool, que podem irritar a bexiga.
- Pratique exercícios físicos para fortalecer os músculos do assoalho pélvico.
- Mantenha uma dieta equilibrada e rica em fibras.
Cuidar da saúde do sistema urinário é essencial para o bem-estar geral. Ao abandonar o hábito de segurar o xixi, você previne problemas e garante uma vida mais saudável.
Fontes: CNN Brasil; Portal Drauzio Varella; Veja Saúde