Um estudo australiano inovador publicado na revista British Journal of Sports Medicine trouxe à tona a importância da atividade física na prevenção do câncer de mama. A pesquisa, que utilizou dados de quase 131 mil mulheres, comprovou a relação direta entre exercícios físicos e a redução do risco de desenvolvimento da doença, especialmente em mulheres com predisposição genética à prática de atividades físicas.
A relação entre genética, exercícios e câncer de mama
A pesquisa utilizou uma metodologia chamada randomização mendeliana, que analisa variantes genéticas como indicadores para fatores de risco modificáveis, como o sedentarismo. Essa técnica permitiu aos pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, estabelecer uma relação de causa e efeito entre a prática de exercícios e a redução do risco de câncer de mama.
Os resultados foram impressionantes: mulheres geneticamente predispostas à prática de exercícios e que se exercitavam em alto grau apresentaram um risco 41% menor de desenvolver câncer de mama invasivo. A redução do risco se manteve independente do status de menopausa e do tipo, estágio ou grau do tumor.
Benefícios além da genética
Mesmo mulheres sem predisposição genética para a prática de exercícios podem se beneficiar da atividade física. O estudo mostrou que aquelas que se exercitavam três ou mais dias por semana, independentemente da genética, tiveram 38% menos chances de desenvolver a doença, em comparação com as sedentárias.
Por outro lado, o estudo também constatou que um nível maior de tempo sentado aumentava em 100% a probabilidade de desenvolver câncer de mama triplo negativo, o tipo mais agressivo da doença.
Explicações biológicas para o efeito protetor da atividade física
A epidemiologista Brigid Lynch, líder do estudo, explica que existem diversas vias causais entre a atividade física e a redução do risco de câncer de mama.
Exercícios físicos regulares:
- Reduzem a gordura corporal e os níveis de estrogênio.
- Melhoram o metabolismo e a resistência à insulina.
- Diminuem a inflamação no corpo.
Todos esses fatores estão associados ao desenvolvimento do câncer de mama, especialmente na pós-menopausa.
Além disso, a atividade física também fortalece o sistema imunológico, promovendo a vigilância tumoral e a resposta imune contra células cancerígenas. Estudos em modelos animais demonstraram que o exercício físico antes do aparecimento da doença leva ao desenvolvimento de tumores de crescimento mais lento.
A importância da atividade física no tratamento do câncer
Os benefícios da atividade física se estendem também ao tratamento do câncer. Um estudo do Centro de Pesquisa Biomédica de Pennington, nos Estados Unidos, mostrou que pacientes com câncer de cólon em estágio 3 que se exercitavam regularmente após a cirurgia tinham maior sobrevida livre da doença.
Pacientes que praticavam pelo menos três horas de atividades recreativas semanais apresentaram uma taxa de sobrevida livre da doença em três anos de 87,1%, contra 76,5% dos pacientes menos ativos.
A pesquisa também avaliou a influência de diferentes tipos de exercícios, como caminhada rápida e fortalecimento muscular, e concluiu que ambos contribuem para o aumento da sobrevida livre da doença.
Movimente-se e previna o câncer
As evidências científicas são claras: a atividade física é uma ferramenta fundamental na prevenção e no tratamento do câncer de mama e de outros tipos de câncer.
Incorpore o movimento na sua rotina diária:
- Caminhe, corra, dance, nade, pratique esportes.
- Reduza o tempo sentado.
- Levante-se a cada 30 minutos para se alongar e caminhar.
Pequenas mudanças de hábito podem fazer uma grande diferença na sua saúde e bem-estar.
Consulte um profissional de saúde para receber orientação individualizada sobre a prática de exercícios físicos.
Fontes: Correio Braziliense; Metrópoles