O câncer de tireoide, apesar de representar apenas 1% de todos os tumores malignos, é um tema que gera muitas dúvidas e preocupações. Este guia aborda de forma abrangente os principais aspectos da doença, incluindo os tipos mais comuns, fatores de risco, sintomas, métodos de diagnóstico e as opções de tratamento disponíveis.
A tireoide e seus nódulos: nem sempre sinônimo de câncer
A tireoide, glândula localizada na parte anterior do pescoço, desempenha um papel crucial na regulação do metabolismo, produzindo hormônios que controlam diversas funções do organismo. A presença de nódulos na tireoide, pequenas massas que podem ser sólidas ou císticas, é um achado relativamente comum, especialmente em mulheres. No entanto, é importante ressaltar que a maioria dos nódulos tireoidianos não é cancerosa.
Quando suspeitar de câncer de tireoide: fatores de risco e sinais de alerta
Embora o câncer de tireoide possa afetar pessoas de todas as idades e gêneros, alguns fatores de risco aumentam a probabilidade de desenvolver a doença:
- Exposição à radiação: Histórico de radioterapia na região do pescoço, principalmente durante a infância, é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de câncer de tireoide.
- Histórico familiar: A presença de casos de câncer de tireoide ou bócio na família aumenta o risco de desenvolver a doença.
- Síndromes genéticas: Algumas síndromes genéticas podem estar associadas ao câncer de tireoide, como a síndrome neoplásica endócrina múltipla.
- Gênero e idade: O câncer de tireoide é mais frequente em mulheres do que em homens e costuma se manifestar entre os 20 e 65 anos de idade.
Na fase inicial, o câncer de tireoide pode ser assintomático. No entanto, à medida que o tumor cresce, podem surgir os seguintes sintomas:
- Nódulo palpável ou visível no pescoço: Este é o sintoma mais comum, podendo ser percebido pelo próprio paciente ou por um médico durante o exame físico.
- Aumento dos gânglios linfáticos no pescoço: A disseminação do câncer para os gânglios linfáticos cervicais pode causar o aumento de seu tamanho.
- Rouquidão, tosse persistente e dificuldade para engolir: O crescimento do tumor pode comprimir estruturas adjacentes no pescoço, como a traqueia e o esôfago, levando a esses sintomas.
- Sensação de compressão na traqueia: A presença de um tumor volumoso pode causar a sensação de aperto na garganta.
Diagnóstico precoze: a chave para o sucesso do tratamento
O diagnóstico precoce do câncer de tireoide é fundamental para aumentar as chances de cura. A investigação diagnóstica geralmente inclui os seguintes passos:
- Exame físico: O médico palpa a região da tireoide em busca de nódulos e verifica se há aumento dos gânglios linfáticos no pescoço.
- Exames de sangue: A dosagem dos hormônios tireoidianos (TSH, T3 e T4) e a pesquisa de anticorpos contra a tireoide podem fornecer informações importantes sobre o funcionamento da glândula e auxiliar no diagnóstico diferencial.
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Exames de imagem:
- Ultrassonografia: Permite visualizar a tireoide, avaliar o tamanho e as características dos nódulos e determinar se são sólidos ou císticos.
- Cintilografia: Utiliza material radioativo para avaliar a atividade da tireoide e identificar nódulos que produzem hormônios em excesso (“nódulos quentes”).
- Ressonância magnética: Pode ser utilizada em casos selecionados para obter imagens mais detalhadas da tireoide e das estruturas adjacentes.
- Biópsia por agulha fina: Este é o exame mais importante para confirmar o diagnóstico de câncer de tireoide. O procedimento, realizado com auxílio de ultrassonografia, consiste na retirada de uma pequena amostra do nódulo para análise microscópica, permitindo identificar a presença de células cancerosas.
Tipos de câncer de tireoide: diversidade de comportamento e prognóstico
Existem diferentes tipos de câncer de tireoide, cada um com suas características, grau de agressividade e prognóstico específicos. Os tipos mais comuns são:
- Carcinoma papilar: Representa 80% a 90% dos casos e é considerado o tipo menos agressivo, com bom prognóstico. Geralmente, cresce lentamente e responde bem ao tratamento.
- Carcinoma folicular: É o segundo tipo mais comum, responsável por cerca de 4% dos casos. Pode ser mais agressivo que o carcinoma papilar, com maior probabilidade de disseminação para outros órgãos, mas geralmente tem bom prognóstico.
- Carcinoma medular: Corresponde a aproximadamente 4% dos casos e se origina em um tipo de célula diferente das que produzem os hormônios tireoidianos. Tem potencial de disseminação para os linfonodos e outros órgãos, mas a maioria dos pacientes é curada com o tratamento adequado.
- Carcinoma anaplásico: É o tipo mais agressivo, responsável por cerca de 1% dos casos, e se caracteriza pelo crescimento rápido e pela disseminação precoce para outros órgãos. O prognóstico é reservado, com baixa taxa de sobrevida.
Tratamento personalizado de acordo com o tipo e estágio do câncer
O tratamento do câncer de tireoide é individualizado, considerando o tipo histológico do tumor, o estágio da doença e as características do paciente. As principais modalidades terapêuticas são:
- Cirurgia: A remoção cirúrgica da tireoide (tireoidectomia total ou parcial) é o tratamento inicial na maioria dos casos. Em casos de disseminação para os linfonodos cervicais, estes também podem ser removidos.
- Iodo radioativo: Após a cirurgia, o iodo radioativo pode ser administrado para destruir células cancerosas remanescentes na tireoide ou em outros locais do corpo.
- Terapia hormonal: A reposição hormonal com levotiroxina é indicada após a tireoidectomia para suprir a deficiência dos hormônios tireoidianos.
- Radioterapia: A radioterapia pode ser utilizada como tratamento complementar em casos de tumores mais agressivos ou com alto risco de recorrência.
- Quimioterapia: A quimioterapia é raramente utilizada no tratamento do câncer de tireoide, sendo reservada para casos de tumores muito agressivos ou que não respondem a outras terapias.
- Terapia-alvo: Em casos de tumores avançados ou metastáticos, medicamentos de terapia-alvo podem ser utilizados para bloquear o crescimento e a disseminação das células cancerosas.
Acompanhamento médico regular: essencial para o controle da doença
Após o tratamento, o acompanhamento médico regular é fundamental para monitorar a resposta ao tratamento, detectar precocemente uma possível recorrência do câncer e gerenciar os efeitos colaterais do tratamento. O acompanhamento geralmente inclui:
- Consultas médicas periódicas: Para avaliar o estado geral de saúde, realizar exame físico e solicitar exames complementares.
- Exames de sangue: Para monitorar os níveis dos hormônios tireoidianos e verificar a presença de marcadores tumorais.
- Exames de imagem: Ultrassonografia e outros exames de imagem podem ser realizados para avaliar a tireoide e os linfonodos cervicais.
Encontrando suporte e informação: recursos para pacientes e familiares
Lidar com o diagnóstico de câncer de tireoide pode ser desafiador. Felizmente, existem diversas fontes de apoio e informação disponíveis para pacientes e familiares, como:
- Organizações de apoio ao paciente: Oferecem suporte emocional, informações sobre a doença e o tratamento, grupos de apoio e outros recursos.
- Sites e portais de saúde confiáveis: Fornecem informações atualizadas sobre a doença, o tratamento e os avanços científicos.
- Comunidades online de pacientes: Permitem que pacientes e familiares compartilhem suas experiências, dúvidas e informações.
Lembre-se de que o diagnóstico de câncer de tireoide não é uma sentença. Com o tratamento adequado e o acompanhamento médico regular, a maioria dos pacientes tem uma excelente chance de cura. Buscar informação, apoio e manter uma atitude positiva são fundamentais para enfrentar o desafio da doença.
Fontes: Instituto Vencer o Câncer; Drauzio Varella; Manual MSD