A enxaqueca é uma condição neurológica debilitante que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Para as mulheres, essa dor de cabeça intensa pode ser ainda mais desafiadora, especialmente durante o período menstrual. Um estudo recente da Georgetown University Medical Center revelou que um terço das mulheres que participaram de uma pesquisa nacional de saúde relatou enxaquecas durante a menstruação. A pesquisa, apresentada na Reunião Anual de 2024 da Academia Americana de Neurologia em Denver, analisou dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Bem-Estar dos EUA de 2021, conduzida pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde.
Impacto da enxaqueca menstrual na qualidade de vida
A enxaqueca menstrual pode impactar significativamente a qualidade de vida das mulheres, afetando suas atividades diárias, trabalho e bem-estar geral. O estudo constatou que, durante o período menstrual, as mulheres experimentaram crises de enxaqueca com uma frequência de até 4,5 vezes, com duração média de 8,4 dias. Além disso, 56,2% das mulheres relataram incapacidades moderadas a graves relacionadas à enxaqueca, de acordo com a Escala de Avaliação de Incapacidade da Enxaqueca (MIDAS).
Fatores hormonais e a prevalência em mulheres na pré-menopausa
A pesquisa revelou que a maioria das mulheres que sofrem de enxaqueca menstrual estão na pré-menopausa. Dos quase 20 milhões de mulheres que relataram enxaquecas menstruais, 11,8 milhões, ou 52,5%, estavam nesse grupo. Essa maior prevalência pode ser atribuída à regularidade dos ciclos menstruais e às flutuações hormonais mais intensas nessa fase da vida.
A Dra. Jessica Ailani, autora do estudo e professora de neurologia clínica na Georgetown University School of Medicine, explica que as discrepâncias na incidência de crises de enxaqueca associadas à menstruação provavelmente se devem ao fato de as mulheres pré-menopáusicas terem ciclos menstruais mais regulares, resultando em mais enxaquecas relacionadas à menstruação. A especialista também destaca que, à medida que as mulheres se aproximam dos 40 anos e entram na perimenopausa, as flutuações hormonais ao longo do mês podem aumentar a frequência das crises de enxaqueca.
Tratamentos para a enxaqueca menstrual
O estudo revelou que muitas mulheres não estão utilizando medicamentos específicos para enxaqueca para controlar seus sintomas. Enquanto 42,4% das participantes utilizaram medicamentos de venda livre, 48,6% utilizaram medicamentos prescritos. Entre as mulheres que usaram tratamentos para sintomas agudos, os triptanos, uma classe de medicamentos desenvolvidos na década de 1990 para acalmar os nervos hiperativos associados à enxaqueca, foram os mais utilizados.
A pesquisa também destacou a subutilização de medicamentos preventivos para enxaqueca menstrual, com apenas 21,1% das mulheres relatando o uso de tais medicamentos ou terapias. A Dra. Ailani sugere que essa baixa adesão pode ser atribuída à necessidade de um compromisso a longo prazo, tanto da paciente quanto do médico, para melhorar o processo da doença.
A importância do diagnóstico e da busca por tratamento
A Dra. Ailani enfatiza a importância do diagnóstico correto da enxaqueca menstrual e da busca por tratamentos eficazes. A especialista ressalta que a enxaqueca é uma doença cerebral crônica sem cura e que o objetivo da terapia preventiva é reduzir o impacto da doença e melhorar a qualidade de vida. No entanto, os tratamentos mais recentes e específicos para a doença podem ser caros, o que leva muitas mulheres a optarem por tratamentos genéricos mais antigos, que podem ter efeitos colaterais mais intensos.
O estudo da Georgetown University Medical Center destaca a necessidade de maior conscientização sobre a enxaqueca menstrual e a importância de buscar ajuda médica. Se você sofre de enxaqueca relacionada ao ciclo menstrual, converse com seu ginecologista ou neurologista para encontrar o tratamento mais adequado para o seu caso. A Dra. Ailani encoraja as pacientes a persistirem na busca por um tratamento eficaz, mesmo que a primeira tentativa não seja bem-sucedida.
Próximos passos da pesquisa
Os pesquisadores pretendem analisar bancos de dados maiores para verificar se os resultados do estudo podem ser replicados em escala global. Eles também desejam investigar se as mulheres com enxaqueca menstrual estão frequentemente recorrendo a tratamentos não específicos para enxaqueca, como observado em cerca de 53% do grupo de estudo atual. A equipe espera que os resultados da pesquisa contribuam para o desenvolvimento de melhores estratégias de tratamento e conscientização sobre a enxaqueca menstrual.
Fontes: Science Daily
