Um novo estudo publicado na revista médica Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology (ATVB) da American Heart Association revelou que a infecção por COVID-19 pode aumentar o risco de ataque cardíaco, AVC e morte por qualquer causa por até três anos. A pesquisa, baseada em dados do UK Biobank, analisou informações de saúde de mais de 10.000 adultos, incluindo 8.000 que testaram positivo para o vírus entre fevereiro e dezembro de 2020. O estudo também descobriu que o risco era ainda maior entre pessoas com tipos sanguíneos A, B ou AB, em comparação com o tipo O.
Aumento significativo no risco cardiovascular
O estudo acompanhou os participantes por quase 3 anos e descobriu que o risco de ataque cardíaco, AVC e morte foi mais que o dobro entre os adultos que tiveram COVID-19, e quase quatro vezes maior entre os adultos hospitalizados com essa infecção respiratória, em comparação com o grupo sem histórico de infecção.
Impacto comparável a fatores de risco conhecidos
Pessoas hospitalizadas com COVID-19, sem doença cardiovascular ou diabetes tipo 2, apresentaram um risco 21% maior de ataque cardíaco, AVC e morte em comparação com pessoas com doença cardiovascular e sem infecção pelo vírus. Em alguns casos, o aumento do risco foi quase tão alto quanto ter um fator de risco cardiovascular conhecido, como diabetes tipo 2 ou doença arterial periférica.
Tipo sanguíneo e risco cardiovascular
O estudo também revelou uma interação genética significativa entre os tipos sanguíneos não-O e a hospitalização por COVID-19. Pessoas com infecções graves pelo vírus tinham um risco aumentado de ataque cardíaco e AVC, mas esse risco era ainda maior em pessoas com tipos sanguíneos não-O (A, B ou AB). O risco de ataque cardíaco e derrame foi cerca de 65% maior em adultos com tipos sanguíneos não-O em comparação com aqueles que tinham sangue tipo O.
Implicações globais para a saúde
Com mais de um bilhão de pessoas infectadas pelo vírus em todo o mundo, os resultados do estudo representam um problema de saúde global significativo. Os autores do estudo sugerem que a infecção grave por COVID-19 deve ser considerada como um fator de risco para doenças cardiovasculares, semelhante ao diabetes tipo 2 ou doença arterial periférica. Eles recomendam que pessoas com infecção prévia por COVID-19 se beneficiem de cuidados preventivos para doenças cardiovasculares.
Recomendações para profissionais de saúde
O estudo sugere que profissionais de saúde devem considerar o histórico de hospitalização por COVID-19 como um marcador de aumento do risco cardiovascular, mesmo sem histórico de doença cardiovascular pré-existente. Isso pode levar à necessidade de iniciar e acelerar os esforços de prevenção de doenças cardiovasculares em pacientes que foram hospitalizados com o problema respiratório.
Importância da prevenção
É fundamental controlar os fatores de risco cardiovascular, como pressão arterial e colesterol, e considerar o uso diário de aspirina em pessoas que foram hospitalizadas com COVID-19. A vacinação contra a infecção respiratória também pode ser protetora, pois geralmente evita que as infecções se tornem graves.
Embora o estudo tenha sido abrangente, é importante notar que os dados são de pacientes que tiveram a cepa original do vírus COVID-19 antes que as vacinas estivessem amplamente disponíveis em 2021. Mais pesquisas são necessárias para confirmar se esses resultados se aplicam a pessoas com diversas origens raciais e étnicas, bem como para investigar os efeitos de infecções repetidas pelo vírus no risco cardiovascular
Fontes: Science Daily; CNN Brasil; Cuidados pela Vida