Entenda de que forma o estresse pode ser contagioso

Cuidado, o estresse pode ser contagioso! Descubra como essa "epidemia" se espalha e o que fazer para se proteger

O estresse, considerado um dos maiores males do século XXI, atinge cerca de 90% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estudos recentes apontam para um fenômeno preocupante: o estresse pode ser contagioso, espalhando-se como um vírus em ambientes de trabalho, familiares e sociais.

O estresse como epidemia moderna

O ritmo acelerado da vida moderna, a hiperconectividade digital, a insegurança financeira e as crescentes exigências sociais e profissionais contribuem para uma escalada do estresse na população em geral. Essa “epidemia de estresse”, como alguns especialistas a chamam, é amplificada pela capacidade de contágio do problema.

Pesquisas com camundongos e humanos demonstram que a exposição ao estresse de outras pessoas, mesmo sem passar pelas situações estressoras diretamente, pode levar ao aumento dos níveis de cortisol e da atividade simpática. Isso ocorre porque, como animais sociais, estamos constantemente processando informações (consciente e inconscientemente) transmitidas pelas pessoas ao nosso redor.

Neurônios espelhos e a transmissão do estresse

Neurocientistas descobriram que a transmissão do estresse pode ser explicada pela ação dos “neurônios espelhos”. Essas células cerebrais disparam tanto quando realizamos uma ação quanto quando observamos outra pessoa realizando a mesma ação. No caso do estresse, os neurônios espelhos nos permitem “simular” a resposta de estresse de outra pessoa, como se estivéssemos vivenciando a situação estressora nós mesmos.

Essa simulação interna serve como um mecanismo de alerta, ajudando-nos a identificar possíveis riscos no ambiente e a adotar comportamentos de proteção. No entanto, a exposição constante ao estresse de outras pessoas pode levar a um ciclo vicioso, no qual o estresse é continuamente alimentado e retransmitido, afetando o bem-estar individual e coletivo.

Ambientes de trabalho: focos de contágio

Ambientes de trabalho tóxicos e altamente competitivos são propícios à propagação do estresse. Um líder estressado pode influenciar negativamente toda a equipe, criando um ciclo de ansiedade e diminuindo a produtividade.

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O exercício físico não apenas beneficia o corpo, mas também exerce um impacto significativo na mente, auxiliando no combate ao estresse e à ansiedade (Foto: Freepik)

Além disso, a cultura de glorificação do excesso de trabalho e da exaustão, presente em algumas empresas, contribui para a normalização do estresse e para o “contágio” emocional. Funcionários que se gabam de suas longas jornadas de trabalho e noites maldormidas, buscando reconhecimento por sua dedicação, acabam transmitindo esse estresse para seus colegas.

O home office, que se popularizou após a pandemia, também apresenta desafios para a saúde mental dos trabalhadores. A dificuldade em delimitar os horários de trabalho e a pressão para comprovar produtividade podem levar ao aumento do estresse e à necessidade de externalizar essas emoções negativas, contaminando o ambiente virtual.

Impacto do estresse na saúde e na produtividade

O estresse crônico pode prejudicar a saúde física e mental, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, problemas digestivos, distúrbios do sono, ansiedade, depressão e burnout.

Além disso, o estresse afeta negativamente a capacidade de concentração, tomada de decisões e resolução de problemas, levando à queda da produtividade e ao aumento de erros no trabalho.

Como se proteger do contágio do estresse

  • Autoconhecimento e inteligência emocional: aprender a identificar seus próprios gatilhos de estresse e desenvolver estratégias para lidar com as emoções de forma saudável é fundamental para se proteger do contágio.
  • Empatia: cultivar a empatia e a compaixão, tanto por si mesmo quanto pelos outros, ajuda a criar um ambiente mais positivo e colaborativo, reduzindo a propagação do estresse.
  • Técnicas de relaxamento: a prática regular de exercícios de respiração, meditação, yoga ou relaxamento muscular progressivo contribui para o controle do estresse e para a promoção do bem-estar.
  • Rede de apoio: contar com uma rede de apoio sólida, composta por familiares, amigos e colegas de trabalho, é essencial para enfrentar momentos de estresse e evitar o isolamento.
  • Limites saudáveis: estabelecer limites claros entre a vida pessoal e profissional, especialmente no contexto do home office, é fundamental para evitar a sobrecarga e o esgotamento.
  • Pausas regulares: fazer pequenas pausas ao longo do dia para descansar e se desconectar do trabalho ajuda a reduzir o estresse e a melhorar a produtividade.
  • Atividades prazerosas: dedicar tempo a atividades que lhe proporcionem prazer, como hobbies, atividades físicas ou momentos de lazer, é essencial para o equilíbrio emocional e a prevenção do estresse.
  • Higiene do sono: priorizar uma boa noite de sono, com hábitos regulares e um ambiente propício ao descanso, é crucial para a saúde física e mental e para o controle do estresse.
  • Alimentação saudável: manter uma dieta equilibrada e nutritiva contribui para o bom funcionamento do organismo e para a resistência ao estresse.
  • Questionar a cultura do estresse: é importante desconstruir a ideia de que o excesso de trabalho e a exaustão são sinônimos de sucesso e produtividade. Buscar um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e promover um ambiente de trabalho saudável e colaborativo são passos importantes para combater a “epidemia de estresse”.

Responsabilidade individual e coletiva

Combater o estresse contagioso é uma responsabilidade de todos. É preciso estarmos conscientes de como nossas próprias emoções e comportamentos podem impactar as pessoas ao nosso redor.

Ao cuidarmos da nossa saúde mental e promovermos ambientes mais saudáveis e positivos, contribuímos para a construção de uma sociedade mais equilibrada e resiliente.

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