O influenciador digital Jordan Howlett viralizou ao afirmar que a Geração Z, nascida entre o final dos anos 90 e 2012, está envelhecendo mais rápido do que as gerações anteriores. Aos 26 anos, Howlett relata ser constantemente confundido com alguém mais velho e ter sua mãe confundida com sua irmã mais nova. A brincadeira de que a Geração Z está “envelhecendo igual leite na geladeira” ganhou as redes sociais e levantou um questionamento importante: será que a vida moderna está acelerando o processo de envelhecimento?
A longevidade em xeque: viver mais ou viver melhor?
A expectativa de vida tem aumentado globalmente, impulsionada pelos avanços da medicina. No entanto, viver mais não significa necessariamente viver com saúde. O conceito de healthspan, ou tempo de vida saudável, ganha relevância nesse contexto. De nada adianta ter uma vida longa se grande parte dela for marcada por doenças crônicas e perda da qualidade de vida.
Doenças crônicas: o preço da modernidade
A prevalência de doenças crônicas tem crescido de forma alarmante, roubando a vitalidade e a liberdade de indivíduos cada vez mais na geração Z. Diabetes, doenças cardiovasculares, transtornos mentais e doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, tornaram-se uma ameaça constante, impulsionadas por fatores como:
- Alimentação industrializada: o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados está diretamente ligado ao aumento da obesidade, da síndrome metabólica e de diversas doenças crônicas. A praticidade e o baixo custo desses alimentos, combinados ao seu poder viciante, tornam-se um desafio para a saúde pública.
- Sedentarismo: o estilo de vida moderno, marcado por trabalhos sedentários e longas horas em frente às telas, contribui para o aumento da obesidade e da inatividade física, acelerando o envelhecimento celular. O Brasil ocupa a quinta posição no ranking mundial de países mais sedentários.
- Estresse crônico: as pressões do cotidiano, as cobranças no trabalho e o excesso de informação geram um estado constante de estresse, prejudicando o sistema imunológico, o sistema nervoso central e a saúde mental.
- Privação de sono: a falta de sono reparador, provocada por estresse, excesso de telas e maus hábitos alimentares, compromete a regeneração celular, aumenta a inflamação e prejudica a capacidade de recuperação do cérebro.
A dependência tecnológica e a ilusão da vida virtual
A tecnologia, apesar de seus avanços, também tem seu lado obscuro. O uso excessivo de smartphones e redes sociais, a exposição constante à luz azul e o bombardeio de informações afetam a saúde mental, a qualidade do sono e a capacidade de concentração.
A dependência tecnológica pode estar moldando uma geração com menor capacidade intelectual, mais superficial e menos preparada para lidar com as incertezas da vida real. O neurocientista Michel Desmurget, em seu livro “A Fábrica de Cretinos Digitais”, alerta para a possibilidade de as novas gerações terem um QI menor do que as anteriores, em decorrência da dependência excessiva de dispositivos digitais.
A vida social virtual, apesar de conectar pessoas, não substitui as interações reais e o contato humano. A solidão e o isolamento social, agravados pela pandemia, contribuem para o aumento de transtornos mentais e aceleram o envelhecimento.
Um chamado à ação: repensando a vida moderna
A Geração Z, imersa nesse contexto, acende um alerta para a necessidade de repensarmos a vida moderna e seus impactos em nossa saúde e bem-estar. É preciso buscar um equilíbrio entre os avanços tecnológicos e a preservação de hábitos saudáveis, como:
- Adotar uma alimentação balanceada, priorizando alimentos in natura e evitando o consumo excessivo de ultraprocessados.
- Praticar atividades físicas regularmente, combatendo o sedentarismo e promovendo a saúde física e mental.
- Gerenciar o estresse por meio de técnicas de relaxamento, meditação e atividades prazerosas.
- Priorizar o sono reparador, desconectando-se das telas e criando uma rotina noturna relaxante.
- Cultivar relações interpessoais significativas, fortalecendo os laços sociais e combatendo a solidão.
- Utilizar a tecnologia com moderação, equilibrando o tempo online com atividades offline e o contato com a natureza.
A busca por uma vida mais equilibrada e conectada com o que realmente importa pode ser o segredo para uma vida mais longa, saudável e plena, independente da geração a qual pertencemos.
Fonte: NeuroVox