Um estudo recente da Aston University, publicado na revista Appetite, revelou a influência significativa do comportamento alimentar dos pais nos hábitos alimentares de seus filhos. A pesquisa sugere que as crianças tendem a espelhar os padrões de consumo de seus pais, o que destaca a importância do papel dos pais na promoção de uma relação saudável com a comida desde a infância.
A influência dos estilos parentais na alimentação infantil:
Além da pesquisa da Aston University, um artigo publicado na Veja, assinado pelo pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg, corrobora a importância do estilo parental na alimentação infantil. Fisberg explica que a forma como os pais reagem às demandas dos filhos à mesa influencia diretamente seus hábitos alimentares. Ele classifica os estilos parentais em quatro categorias:
- Autoritativos: pais que estabelecem limites e regras claras, incentivando a autonomia e o diálogo.
- Controladores: pais que exercem controle excessivo sobre a alimentação dos filhos, ditando o que e quanto devem comer.
- Permissivos: pais que cedem facilmente aos desejos dos filhos, sem impor limites ou regras alimentares.
- Não envolvidos: pais que se mostram desinteressados ou negligentes em relação à alimentação dos filhos.
De acordo com Fisberg, crianças de pais permissivos ou não envolvidos têm maior probabilidade de desenvolver problemas alimentares. A falta de limites e orientação adequada pode levar a hábitos alimentares inadequados, como o consumo excessivo de alimentos processados e ricos em açúcar, além da recusa de alimentos nutritivos.
O impacto do comportamento alimentar dos pais:
A pesquisa da Aston University identificou quatro estilos de comportamento alimentar em pais, com base em suas respostas a um questionário sobre seus próprios hábitos:
- Alimentação típica: sem comportamentos extremos, representando 41,4% da amostra.
- Alimentação ávida: caracterizada por alto consumo de alimentos em resposta a estímulos externos e emoções, em vez de sinais de fome, representando 37,3% da amostra.
- Alimentação emocional: consumo de alimentos em resposta a emoções, mas com menor prazer em comer do que os “comedores ávidos”, representando 15,7% da amostra.
- Alimentação evitativa: caracterizada por seletividade extrema e baixo prazer em comer, representando 5,6% da amostra.
O estudo revelou uma forte correlação entre o estilo alimentar dos pais e o de seus filhos, especialmente nos casos de pais com alimentação ávida ou evitativa. Crianças de pais com esses estilos tendiam a apresentar comportamentos alimentares semelhantes.
Além disso, pais com estilos alimentares ávidos ou emocionais eram mais propensos a usar comida para acalmar ou confortar seus filhos, o que, por sua vez, contribuía para o desenvolvimento de traços de alimentação ávida ou emocional nas crianças.
No entanto, a pesquisa também mostrou que mesmo pais com tendências alimentares menos saudáveis poderiam influenciar positivamente os hábitos de seus filhos, desde que oferecessem uma dieta balanceada e variada.
Moldando hábitos alimentares saudáveis:
O estudo da Aston University destaca a importância de os pais modelarem comportamentos alimentares saudáveis para seus filhos. Adotar uma dieta equilibrada, comer em horários regulares, evitar o consumo de alimentos processados e prestar atenção aos sinais de fome e saciedade são exemplos importantes que os pais podem transmitir aos seus filhos.
A pesquisa também enfatiza a importância de os pais criarem um ambiente alimentar positivo em casa, onde a comida não seja utilizada como recompensa, punição ou forma de controle emocional.
As pesquisas da Aston University e de Mauro Fisberg convergem para a mesma conclusão: o comportamento alimentar dos pais desempenha um papel fundamental na formação de hábitos alimentares saudáveis nas crianças.
Pais que adotam estilos parentais autoritativos e modelam comportamentos alimentares positivos contribuem significativamente para o desenvolvimento de uma relação saudável com a comida em seus filhos.
Em contraste, pais permissivos ou não envolvidos, assim como aqueles com estilos alimentares problemáticos, aumentam o risco de seus filhos desenvolverem hábitos alimentares inadequados e problemas de saúde relacionados à alimentação.
É fundamental que os pais estejam conscientes da influência que exercem sobre os hábitos alimentares de seus filhos e busquem adotar práticas que promovam uma alimentação saudável desde a infância.
Fontes: Science Daily; Veja Saúde