Cobertura de mulheres que fazem mamografia de rastreamento através do SUS está muito abaixo do recomendado

A cobertura de mamografias no Brasil está muito abaixo do que é recomendado pela OMS. Em 2021, apenas 9% das mulheres entre 50 e 69 anos realizaram o exame pelo SUS. Além disso, mesmo com a recomendação do exame para mulheres a partir de 40 anos, o SUS só cobre a faixa etária a partir dos 50

O Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, serve como um importante lembrete sobre a importância do diagnóstico precoce dessa doença que afeta milhares de mulheres no Brasil.
A mamografia, exame de imagem capaz de identificar precocemente o câncer de mama, desempenha um papel crucial nesse processo. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda que mulheres a partir dos 40 anos realizem o exame anualmente. No entanto, a realidade do acesso à mamografia no Brasil ainda está longe do ideal, com a cobertura muito abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Baixa cobertura e desigualdades regionais: um cenário preocupante
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2021, apenas 9% das mulheres entre 50 e 69 anos realizaram mamografia de rastreamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Essa porcentagem está muito aquém dos 70% recomendados pela OMS, evidenciando um déficit significativo na cobertura. A SBM estima que 60% dos casos de câncer de mama no Brasil são diagnosticados em estágio avançado, o que impacta diretamente as chances de cura.
Um dos principais obstáculos para o acesso à mamografia é a má distribuição dos mamógrafos pelo país. Apesar do Ministério da Saúde afirmar que existem cerca de 4.200 mamógrafos disponíveis no SUS, a SBM alerta para a concentração desses equipamentos em grandes centros urbanos, deixando áreas mais remotas com acesso limitado. Essa disparidade regional se reflete nos dados do INCA, que apontam uma incidência de câncer de mama duas vezes maior na região Sudeste em comparação com o Nordeste.
Importância da mamografia a partir dos 40 anos
Outro ponto importante a ser destacado é a divergência entre as recomendações da SBM e do Ministério da Saúde em relação à faixa etária para a realização da mamografia de rastreamento. Enquanto a SBM defende o início dos exames aos 40 anos, o SUS oferece cobertura apenas para mulheres entre 50 e 69 anos. Essa diferença impacta diretamente a prevenção, já que mulheres entre 40 e 49 anos representam cerca de 15% a 20% dos casos de câncer de mama.
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Especialistas defendem que a mamografia a partir dos 40 anos é fundamental para a detecção precoce da doença, aumentando as chances de cura e reduzindo a necessidade de tratamentos mais agressivos. Diversas sociedades médicas do Brasil e do mundo, incluindo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e o Colégio Brasileiro de Radiologia, recomendam a realização anual da mamografia para mulheres nessa faixa etária.
Ações para ampliar o acesso e garantir a saúde da mulher
Aumentar a cobertura de mamografia no Brasil exige ações conjuntas do governo, instituições de saúde e sociedade civil. Algumas medidas cruciais incluem:
  • Ampliar a faixa etária de cobertura pelo SUS: A aprovação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 679/2019, em tramitação na Câmara Federal, garantiria o direito à mamografia pelo SUS para mulheres a partir dos 40 anos.
  • Melhorar a distribuição de mamógrafos: É fundamental investir na descentralização dos equipamentos, levando-os para regiões com menor acesso e ampliando a cobertura em áreas remotas.
  • Intensificar campanhas de conscientização: É preciso informar a população sobre a importância da mamografia, desmistificar o exame e incentivar a adesão.
  • Capacitar profissionais de saúde: Investir na formação de profissionais para a realização e interpretação adequada das mamografias é crucial para garantir a qualidade do serviço.
  • Facilitar o agendamento e a realização do exame: A simplificação do processo, com a redução do tempo de espera, pode contribuir para aumentar a adesão.
A ampliação do acesso à mamografia é uma questão de saúde pública e exige atenção prioritária. Investir na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de mama é essencial para salvar vidas e garantir o bem-estar das mulheres brasileiras. É fundamental que o debate sobre a importância da mamografia continue para que, no futuro, o Outubro Rosa celebre não apenas a conscientização, mas também a garantia do acesso universal a esse exame vital.
Fontes: Medicina S/A; Pfizer Brasil; Delboni Auriemo

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