Em um avanço promissor no tratamento do câncer, uma terapia inovadora desenvolvida em São Paulo tem demonstrado resultados notáveis, levando à remissão completa da doença em nove de 14 pacientes que se submeteram ao tratamento. A terapia, conhecida como CAR-T Cell, utiliza células de defesa do próprio paciente, modificadas em laboratório, para combater linfomas e leucemia.
Os resultados positivos, que devem ser publicados em revistas científicas, são fruto de uma parceria entre as Faculdades de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e a USP de Ribeirão Preto, em colaboração com o Hemocentro de Ribeirão Preto e o Instituto Butantan. Essa conquista representa um marco no tratamento do câncer no Brasil, oferecendo novas perspectivas para pacientes que não respondem aos tratamentos tradicionais.
Como funciona a terapia CAR-T Cell?
A terapia CAR-T Cell é um tipo de imunoterapia que consiste em coletar células do sistema imunológico do próprio paciente, chamadas linfócitos T, e modificá-las geneticamente em laboratório. Essas células modificadas, agora chamadas de células CAR-T, são então infundidas de volta no paciente, onde se multiplicam e atacam as células cancerígenas de forma direcionada e eficaz.
O procedimento é relativamente rápido, durando cerca de 30 minutos. Após a infusão, as células CAR-T continuam a se multiplicar no corpo do paciente, proporcionando um efeito duradouro no combate ao câncer.
Quem pode se beneficiar da terapia?
A terapia CAR-T Cell é indicada para pacientes com leucemia linfóide aguda, linfoma não Hodgkin e mieloma múltiplo. É importante destacar que o tratamento é especialmente promissor para pacientes que não respondem à quimioterapia, radioterapia ou transplante de medula óssea.
Um dos casos de sucesso relatados é o do escritor e publicitário Paulo Peregrino, de 62 anos, que enfrentava seu quarto episódio de linfoma não-Hodgkin. Após tentativas frustradas com tratamentos convencionais, Peregrino obteve remissão completa do câncer após receber a terapia com células CAR-T Cell.
Acesso ao tratamento no Brasil
Atualmente, existem duas formas de acessar a terapia CAR-T Cell no Brasil. A primeira, e mais onerosa, envolve o envio das células do paciente para laboratórios nos Estados Unidos ou na Europa, com custos que podem chegar a R$ 2 milhões.
A segunda opção, mais acessível, é participar de estudos clínicos em instituições como o Hospital Albert Einstein e o Hemocentro de Ribeirão Preto. A participação em estudos clínicos representa uma oportunidade para pacientes que não têm condições de arcar com os altos custos do tratamento no exterior.
Os resultados promissores da terapia CAR-T Cell em pacientes com câncer em São Paulo representam um passo significativo na luta contra a doença. A expectativa é que, com a continuidade das pesquisas e a ampliação do acesso ao tratamento, essa terapia inovadora possa beneficiar um número cada vez maior de pacientes, oferecendo novas perspectivas de cura e qualidade de vida.
Fontes: Jornal Correio 24 Horas; Só Notícia Boa