A depressão entre jovens é uma questão de saúde pública cada vez mais preocupante, com taxas alarmantes em ascensão, mesmo antes da pandemia da COVID-19. De acordo com um pesquisador do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), a prevalência de depressão em jovens de 18 a 24 anos quase dobrou entre 2013 e 2019, passando de 5,6% para 11,1%. A pandemia, a crise econômica e os altos índices de desemprego agravaram ainda mais essa situação, impactando negativamente a saúde mental da juventude brasileira.
A depressão afeta o humor, o pensamento, a disposição e/ou o comportamento de uma pessoa. É crucial reconhecer os sinais e sintomas da depressão em jovens para que pais, professores e outros responsáveis possam agir e buscar ajuda profissional o mais rápido possível.
Um novo estudo publicado no Lancet Digital Health descobriu que um aplicativo de terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode ajudar a prevenir o aumento da depressão em jovens de alto risco. Essa descoberta promissora pode levar a uma medida de saúde pública eficaz e econômica para combater a crescente preocupação global com as taxas elevadas e crescentes de ansiedade e depressão entre os jovens.
O estudo ECoWeB: um marco na prevenção da depressão em jovens
Este projeto, liderado pela Universidade de Exeter e financiado pelo programa Horizonte 2020, é o primeiro a testar rigorosamente um aplicativo de saúde mental em uma escala tão grande, abrangendo quatro países. O estudo ECoWeB, composto pelos ensaios ECoWeB-PREVENT e ECoWeB-PROMOTE, acompanhou 3.700 jovens com idades entre 16 e 22 anos no Reino Unido, Alemanha, Bélgica e Espanha.
Os participantes foram divididos em dois grupos com base em suas habilidades de competência emocional no início do estudo: 1.200 jovens com pontuações reduzidas de competência emocional, que conferem maior risco de depressão, como aumento da preocupação e pensamento excessivo, foram incluídos no ensaio ECoWeB-PREVENT, enquanto 2.500 sem esse risco foram incluídos no ensaio ECoWeB-PROMOTE.
Dentro de cada grupo, os participantes foram aleatoriamente designados a um dos três aplicativos diferentes desenvolvidos pelo estudo: um aplicativo de automonitoramento para registrar as emoções diariamente, um aplicativo de autoajuda que fornecia treinamento personalizado em habilidades de competência emocional e um aplicativo de autoajuda baseado em princípios de TCC. Os participantes foram acompanhados por três e 12 meses para observar as mudanças em seu bem-estar e sintomas de depressão.
Resultados promissores: aplicativo de TCC previne aumento da depressão em jovens de alto risco
Os resultados dos ensaios mostraram que o aplicativo de TCC preveniu um aumento na depressão, em comparação com o automonitoramento, na amostra de maior risco. No entanto, não houve diferença entre as intervenções em seus efeitos para a amostra de menor risco.
Professor Ed Watkins, líder do projeto da Universidade de Exeter, destacou que mesmo quando os jovens usaram o aplicativo de autoajuda apenas algumas vezes, houve um benefício pequeno, mas significativo. Ele enfatizou que, como o aplicativo é escalonável para um grande número de pessoas de forma econômica, esses efeitos têm valor potencial como uma intervenção de saúde pública, dentro de um portfólio mais amplo de serviços e intervenções digitais e presenciais.

Próximos passos: identificar os elementos-chave e melhorar o engajamento com o aplicativo
O Professor Watkins também afirmou que os próximos passos da pesquisa são identificar os ingredientes ativos do aplicativo que foram benéficos e melhorar o engajamento e o uso contínuo desses elementos.
A identificação de indivíduos em risco, por meio de triagem online ou encaminhamento profissional, é crucial para a eficácia das intervenções preventivas, pois os resultados indicam que a prevenção da depressão funciona melhor quando direcionada a pessoas mais vulneráveis.
Implicações para a saúde pública: aplicativos de TCC como ferramentas acessíveis e escaláveis
Os resultados do estudo ECoWeB são encorajadores e sugerem que os aplicativos de TCC podem ser uma ferramenta valiosa na prevenção da depressão em jovens. A acessibilidade, a escalabilidade e o baixo custo tornam esses aplicativos uma opção promissora para intervenções de saúde pública, complementando os serviços e intervenções existentes.
É importante ressaltar que, embora os aplicativos de saúde mental possam ser ferramentas úteis, eles não substituem a ajuda profissional. Jovens que sofrem de depressão ou outros problemas de saúde mental devem procurar ajuda de um profissional de saúde qualificado.
Buscando ajuda: o primeiro passo para a recuperação:
O primeiro passo para tratar a depressão em jovens é procurar ajuda profissional. Um psiquiatra pode diagnosticar a depressão e recomendar o tratamento mais adequado, que pode incluir terapia, medicação ou uma combinação de ambos.
É importante lembrar que a depressão é uma doença tratável. Com o apoio adequado, os jovens podem superar a depressão e viver vidas saudáveis e plenas.
Dicas para pais e responsáveis:
- Esteja atento aos sinais de depressão em seus filhos.
- Converse abertamente sobre saúde mental e incentive seus filhos a expressarem seus sentimentos.
- Crie um ambiente familiar acolhedor e de apoio.
- Procure ajuda profissional se suspeitar que seu filho esteja deprimido.
- Lembre-se de que a recuperação da depressão é possível com o tratamento adequado.
Recursos adicionais:
- Centro de Valorização da Vida (CVV): 188
- Ministério da Saúde: Disque Saúde 136
As informações apresentadas neste texto são baseadas nas fontes fornecidas e têm caráter informativo. Não substituem o aconselhamento médico profissional. Em caso de dúvidas ou preocupações, consulte um profissional de saúde qualificado.
Fontes: Science Daily; Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS); Pfizer