Síndrome de Cushing: entenda mais sobre o tumor que fez jovem mudar a cor de pele

A Síndrome de Cushing, pode ter diversas causas, como tumores na hipófise ou nas glândulas suprarrenais, uso prolongado de corticosteroides ou tumores produtores de ACTH

Sabrina Gomes, uma jovem de 24 anos do Ceará, enfrenta uma batalha árdua contra um tumor raro no timo, glândula localizada no tórax, que a levou a desenvolver a Síndrome de Cushing. Essa síndrome, causada pelo excesso de cortisol no organismo, provocou uma série de complicações, incluindo a alteração da pigmentação da sua pele.

Processo de diagnóstico:

Sabrina foi diagnosticada com a doença aos 15 anos. O tumor, além de produzir o hormônio ACTH em excesso – causador da Síndrome de Cushing – também comprime órgãos vitais como o esôfago, a veia cava e o coração. Entre os sintomas, ela relata dificuldades respiratórias, fadiga extrema e hipertensão.

Um dos efeitos colaterais mais marcantes da doença foi a mudança na cor da pele de Sabrina, que escureceu após a remoção de suas glândulas adrenais em 2022. A endocrinologista Ana Rosa Quidute, da Universidade Federal do Ceará, explica que a alteração se deve à semelhança entre o ACTH e o MSH, hormônio responsável pela produção de melanina. Com o excesso de ACTH, o corpo “confunde” os hormônios, estimulando a produção excessiva de melanina.

Luta por tratamento e burocracia

Diante da gravidade do caso, a equipe médica de Sabrina indicou o Lutécio PSMA, um medicamento radioativo que atua na destruição de células tumorais. No entanto, o alto custo do medicamento, estimado em R$ 32 mil por dose, a impossibilitou de custear o tratamento.

Após decisão judicial favorável, Sabrina aguarda desde março de 2024 a liberação do Lutécio pela Secretaria de Saúde do Ceará. Apesar de uma nova decisão judicial em agosto ter determinado urgência no fornecimento do medicamento, a jovem segue enfrentando burocracias que atrasam o início do tratamento.

Esperança e angústia

Enquanto aguarda o medicamento, Sabrina foi transferida para o Instituto do Câncer do Ceará (ICC). Apesar da esperança de iniciar o tratamento em breve, a jovem expressa angústia pela demora e pelo longo período que já passou em ambiente hospitalar.

tumor raro
O alto custo do medicamento para o tumor impediu a jovem de seguir com o tratamento (Foto: Freepik)

Síndrome de Cushing: entendendo a doença

A Síndrome de Cushing é caracterizada por um conjunto de sintomas decorrentes do excesso de cortisol no organismo. O cortisol, hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, desempenha papel importante na regulação da pressão arterial, do sistema imunológico e no controle do estresse.

Entretanto, quando presente em níveis elevados, o cortisol pode desencadear uma série de problemas de saúde.

As diversas faces da Síndrome de Cushing: causas e manifestações

As causas da Síndrome de Cushing são variadas, podendo ser desencadeada por:

  • Tumores na hipófise, glândula localizada na base do cérebro
  • Tumores nas glândulas suprarrenais , situadas acima dos rins
  • Uso prolongado de medicamentos corticosteroides
  • Tumores que produzem ACTH em excesso, como o timoma

O timoma, um tumor raro no timo, afeta Sabrina Gomes, levando à produção excessiva do hormônio ACTH. O ACTH, por sua vez, estimula a produção de cortisol pelas glândulas suprarrenais, resultando na Síndrome de Cushing.

Consequências da Síndrome de Cushing

As consequências da Síndrome de Cushing podem ser sérias e abrangentes, afetando a saúde física e mental dos pacientes. Dentre os impactos mais comuns, destacam-se:

  • Obesidade, especialmente concentrada no tronco
  • Diabetes
  • Hipertensão arterial
  • Fragilidade óssea (osteoporose)
  • Problemas cardíacos
  • Alterações na aparência física, como o escurecimento da pele, estrias, face arredondada (“face em lua”) e acúmulo de gordura na região do pescoço e ombros (“giba de búfalo”)
  • Dificuldade de cicatrização
  • Fadiga extrema
  • Problemas respiratórios
  • Irregularidades menstruais em mulheres

Escurecimento da pele: uma característica marcante

O escurecimento da pele, um dos sintomas mais visíveis da Síndrome de Cushing em Sabrina, ocorre devido à semelhança molecular entre o ACTH e o MSH, hormônio estimulador de melanócitos, responsável pela produção de melanina. Com o excesso de ACTH circulante, o organismo interpreta-o como MSH, estimulando a produção excessiva de melanina, resultando no escurecimento da pele. É importante ressaltar que essa hiperpigmentação pode ser permanente, mesmo após o tratamento.

Fontes: CNN Brasil; MSD Manual; Terra

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