O cigarro eletrônico, popularmente conhecido como vape, tem conquistado cada vez mais adeptos, especialmente entre os jovens. A promessa de ser uma alternativa menos prejudicial ao cigarro tradicional e uma ferramenta para largar o vício tem atraído muitos fumantes. No entanto, estudos recentes revelam que o vape pode ser tão ou mais prejudicial à saúde quanto o cigarro convencional, além de apresentar um alto risco de dependência.
Níveis de nicotina alarmantes em usuários de vape
Um estudo brasileiro realizado pelo Instituto do Coração (InCor) acendeu um alerta sobre os perigos do cigarro eletrônico. A pesquisa, que analisou os níveis de nicotina em usuários de vape que buscavam tratamento para a dependência, revelou dados alarmantes: a concentração de nicotina no organismo desses indivíduos era equivalente à de fumantes de mais de 20 cigarros convencionais por dia.
Os exames de urina realizados nos participantes do estudo detectaram níveis de nicotina metabolizada acima de 600 ng/ml, comprovando a alta intoxicação pela substância. Essa descoberta derruba o mito de que o cigarro eletrônico é menos viciante e prejudicial, mostrando que os riscos à saúde são comparáveis aos do tabaco tradicional.
Vape: porta de entrada para o tabagismo entre jovens
A proibição da venda de cigarros eletrônicos no Brasil desde 2009 não tem sido suficiente para impedir o avanço do vape, especialmente entre os jovens. Estima-se que um em cada cinco brasileiros entre 18 e 24 anos já tenha experimentado o dispositivo. A fácil acessibilidade em lojas físicas e online, aliada à influência de personalidades nas redes sociais, contribui para a popularização do vape entre os jovens, que muitas vezes ignoram os riscos à saúde.
A cardiologista Jaqueline Scholz, especialista em tratamento do tabagismo, alerta que o cigarro eletrônico pode ser uma porta de entrada para o vício em nicotina, especialmente entre os jovens. O sabor e o odor agradáveis do vape, em comparação ao cigarro tradicional, mascaram os perigos da nicotina, uma substância altamente viciante que libera adrenalina e pode causar danos às artérias, aumentando o risco de infarto e morte súbita.
Doenças respiratórias e riscos à saúde cardiovascular
O cigarro eletrônico, assim como o cigarro tradicional, representa uma séria ameaça à saúde respiratória. A inalação das substâncias presentes no vape, como a nicotina, formaldeídos e glicerina, causa irritação e inflamação nos pulmões, aumentando o risco de doenças como asma e bronquite. Além disso, as nanopartículas liberadas pelo dispositivo podem agravar problemas cardiovasculares.
A EVALI (Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarro Eletrônico) é uma doença grave e potencialmente fatal que tem sido associada ao uso do vape. Os sintomas incluem dor no peito, falta de ar, tosse, febre e calafrios. Em casos graves, a EVALI pode levar à insuficiência respiratória aguda, exigindo ventilação mecânica e internação hospitalar.
Mitos e verdades sobre o cigarro eletrônico
É importante desmistificar a ideia de que o cigarro eletrônico é uma alternativa segura ao cigarro convencional. Embora alguns estudos indiquem que o vape pode ser menos prejudicial para fumantes adultos que não conseguem parar de fumar, é fundamental destacar que o dispositivo não é isento de riscos. A nicotina presente no vape causa dependência e pode levar a diversos problemas de saúde, como doenças respiratórias, câncer de pulmão e doenças cardiovasculares.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alerta para o aumento do risco de infarto e síndrome coronariana aguda em usuários de cigarro eletrônico. Além disso, o vape pode causar falta de ar e cansaço excessivo, impactando a qualidade de vida dos usuários.
A importância da prevenção e do tratamento
A melhor forma de evitar os riscos do cigarro eletrônico é nunca experimentar o dispositivo. Para aqueles que já são dependentes, a busca por ajuda profissional é essencial. Existem tratamentos eficazes para combater o vício em nicotina, como terapia cognitivo-comportamental, medicamentos e grupos de apoio. É importante ressaltar que os métodos utilizados para o tratamento do tabagismo tradicional também são eficazes para o vape.
O cigarro eletrônico, apesar de ser vendido como uma alternativa mais segura, representa um risco real à saúde. A alta concentração de nicotina, os riscos de doenças respiratórias e cardiovasculares, e a crescente dependência entre os jovens são fatores alarmantes que exigem atenção. É fundamental que a sociedade esteja informada sobre os perigos do vape e que medidas eficazes de prevenção e tratamento sejam implementadas para proteger a saúde da população.
Fontes: DASA; Veja Saúde; Unimed