A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em novembro de 2024, um novo tratamento para pacientes com câncer de pulmão de pequenas células (CPPC) em estágio avançado ou que não responderam à quimioterapia. O medicamento, chamado tarlatamabe, é uma imunoterapia que atua no sistema imunológico do paciente, permitindo que ele identifique e combata as células cancerígenas.
Tarlatamabe: Uma nova esperança para pacientes com CPPC
O tarlatamabe, desenvolvido pela farmacêutica Amgen, utiliza uma molécula bispecífica chamada T-cell Engager (BiTE). Essa tecnologia permite que o medicamento se ligue a um marcador tumoral presente na superfície das células cancerígenas, chamado DLL3, e simultaneamente recrute linfócitos T, células do sistema imunológico responsáveis por destruir as células cancerosas.
O medicamento é administrado por infusões intravenosas quinzenais e por tempo indeterminado, enquanto estiver controlando a doença. É importante ressaltar que, em casos de câncer metastático, não há perspectiva de cura.
Resultados promissores em estudos clínicos
Estudos clínicos com o tarlatamabe demonstraram resultados promissores. Em um estudo com 220 voluntários, o medicamento controlou a progressão da doença em 70% dos participantes. Além disso, 40% dos casos apresentaram uma resposta objetiva ao tratamento, com redução expressiva do tamanho dos tumores.
A pesquisa também revelou que a redução do tamanho dos tumores foi duradoura em grande parte dos pacientes, um resultado inédito no tratamento do CPPC. Os voluntários ficaram, em média, 4,3 meses sem observar a progressão da doença, e a taxa de sobrevida geral foi de 15,2 meses. Com o tratamento, 56% dos indivíduos analisados sobreviveram à doença por um ano.
Os efeitos adversos relacionados à terapia foram observados em apenas 3% dos participantes, o que demonstra a segurança do tratamento. Os resultados do estudo foram publicados no periódico The New England of Medicine e apresentados na Conferência Mundial sobre Câncer de Pulmão, realizada em setembro de 2024, em San Diego, nos Estados Unidos.
Câncer de pulmão de pequenas células: um desafio para a medicina
O câncer de pulmão é um dos mais incidentes no mundo, representando 12,4% do total de casos anuais, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer. No Brasil, a incidência do câncer de pulmão correspondeu a 4,6% de todos os casos novos de câncer em 2023, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
O CPPC representa cerca de 15% de todos os casos de câncer de pulmão. A doença afeta principalmente pessoas dependentes de tabaco, que inicialmente respondem bem à quimioterapia. No entanto, com o tempo, os tumores desenvolvem resistência às terapias e progridem.
Pacientes com CPPC possuem uma das neoplasias malignas de tumores sólidos mais agressivas. Até a aprovação do tarlatamabe, não existiam terapias aprovadas para pacientes em tratamento de terceira linha, ou seja, aqueles que não responderam ou tiveram recaída após os dois tratamentos iniciais.
A importância de novas opções de tratamento
A quimioterapia é geralmente a primeira opção de tratamento para o CPPC. No entanto, devido à resistência desenvolvida pelos tumores, novas drogas são essenciais para controlar a doença. O tarlatamabe surge como uma alternativa promissora para pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais.
Especialistas acreditam que o novo tratamento representa um avanço e uma esperança para pacientes com CPPC. A comprovação dos resultados em pacientes que não respondem aos protocolos vigentes e a segurança e resultados promissores em termos de durabilidade da resposta e sobrevida dos pacientes reforçam o potencial do tarlatamabe no tratamento da doença.
Disponibilidade no Brasil
A aprovação da Anvisa é um passo importante para que o tratamento se torne disponível para a população brasileira. No entanto, ainda são necessárias outras etapas de aprovação, como a definição do preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
A Amgen estima que o medicamento estará disponível para comercialização no Brasil a partir do primeiro semestre de 2025. A chegada do tarlatamabe ao mercado brasileiro representa um avanço significativo no tratamento do CPPC, oferecendo uma nova esperança para pacientes que lutam contra essa doença.
Fontes: Veja Saúde; Folha de São Paulo