A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em novembro de 2024, uma nova esperança para pacientes com câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado. Trata-se do durvalumabe, uma imunoterapia que demonstrou reduzir em até 27% o risco de morte nesses pacientes após tratamento com quimioterapia e radioterapia. A aprovação é um marco, visto que representa a primeira nova opção terapêutica para esse tipo agressivo da doença em 20 anos.
Câncer de pulmão de pequenas células: um desafio para a medicina
O câncer de pulmão de pequenas células, subtipo mais agressivo da doença, caracteriza-se por sua rápida evolução e prognóstico ruim, com apenas 15% a 30% dos pacientes vivos após cinco anos do diagnóstico. Fatores como histórico de tabagismo e idade avançada aumentam a suscetibilidade a esse tipo de tumor, como explica Guilherme Harada, coordenador da Pesquisa Clínica em Oncologia do Hospital Sírio-Libanês.
A agressividade e a baixa resposta às terapias convencionais limitaram os avanços no tratamento do câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado por muitos anos. A aprovação do durvalumabe surge como um divisor de águas nesse cenário, trazendo uma nova perspectiva para pacientes que antes contavam com poucas opções.
Imunoterapia: ativando o sistema imune contra o câncer
A imunoterapia, classe terapêutica à qual pertence o durvalumabe, atua estimulando o sistema imunológico a combater o câncer. Em outras palavras, a terapia remove o “escudo” que protege o tumor do sistema de defesa do organismo, permitindo que ele seja reconhecido e atacado.
Karina Fontão, diretora médica executiva da AstraZeneca Brasil, explica que o durvalumabe bloqueia mecanismos que impedem o reconhecimento do câncer pelo sistema imune. Essa ação permite que o próprio organismo combata o tumor de forma mais eficaz.
Estudo ADRIATIC: resultados promissores que mudam o paradigma do tratamento
A aprovação do durvalumabe pela Anvisa se baseou nos resultados do estudo clínico de fase 3 ADRIATIC, que avaliou a segurança e a eficácia do medicamento em 730 pacientes com câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado. O estudo demonstrou que 57% dos pacientes tratados com durvalumabe estavam vivos após três anos de acompanhamento, evidenciando o significativo aumento da sobrevida proporcionado pela terapia.
Para Harada, a aprovação do durvalumabe representa um marco no tratamento do câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado. A imunoterapia, ao aumentar as chances de sobrevida e reduzir as taxas de mortalidade, torna-se o novo padrão de tratamento para esse perfil de paciente.
Um futuro mais promissor para pacientes com câncer de pulmão
A aprovação do durvalumabe para o tratamento do câncer de pulmão de pequenas células em estágio limitado representa uma vitória para a comunidade médica e, principalmente, para os pacientes que lutam contra essa doença desafiadora. A imunoterapia, com sua capacidade de ativar o sistema imunológico contra o câncer, surge como uma arma poderosa, oferecendo novas perspectivas de tratamento e esperança de uma vida mais longa e com mais qualidade.
Fonte: CNN Brasil