Episiotomia: tudo o que você precisa saber sobre o procedimento para evitar a violência obstétrica

Episiotomia: entenda quando esse procedimento é realmente necessário e saiba como ter um parto mais natural e seguro

A episiotomia, um corte cirúrgico realizado no períneo durante o parto normal para ampliar o canal de parto, já foi um procedimento rotineiro. No entanto, nas últimas décadas, a comunidade médica e organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) passaram a recomendar a episiotomia apenas em situações específicas, devido aos riscos e complicações associadas.

O que é episiotomia e quando ela é indicada?

A episiotomia consiste em uma incisão no períneo, a região entre a vagina e o ânus, com o objetivo de facilitar a saída do bebê e prevenir lacerações graves. Antigamente, acreditava-se que a episiotomia protegia a musculatura da mulher, mas estudos posteriores demonstraram que o procedimento não confere essa proteção.

Atualmente, a episiotomia é recomendada apenas em casos seletivos, como:

  • Risco elevado de lacerações graves no períneo: que podem atingir o intestino.
  • Sofrimento fetal: quando o bebê precisa nascer rapidamente para evitar complicações.
  • Feto prematuro: para reduzir o risco de lesões no bebê.
  • Peso do bebê acima de 4 kg: a episiotomia pode ser necessária para facilitar a passagem do bebê.
  • Falha no progresso do trabalho de parto: quando o parto não evolui como esperado.

É fundamental que a gestante converse com seu médico sobre a episiotomia durante o pré-natal, entendendo os riscos do procedimento. A decisão de realizar a episiotomia deve ser tomada em conjunto pela mulher e a equipe médica, com a paciente assinando um termo de consentimento informado.

Tipos de episiotomia

  • Mediolateral: corte lateral na região do períneo. É a técnica mais indicada, pois oferece menor risco de atingir o ânus, mas pode ser mais dolorosa e demorar mais para cicatrizar.
  • Mediana: corte vertical no períneo em direção ao ânus. É mais fácil de reparar, porém tem maior risco de se estender até o ânus, causando complicações como incontinência fecal.

Riscos e complicações da episiotomia

Embora seja um procedimento relativamente simples, a episiotomia pode apresentar complicações, como:

  • Lesões nos músculos da região íntima: ela pode afetar a musculatura do períneo, causando dor e desconforto.
  • Hemorragia ou sangramento no local do corte: o sangramento excessivo é uma complicação rara, mas pode ocorrer.
  • Dor ou inchaço na cicatriz: a região do procedimento pode ficar dolorida e inchada durante o processo de cicatrização.
  • Infecção no local do corte: aumenta o risco de infecções na região perineal.
  • Aumento do tempo de recuperação do pós-parto: a cicatrização da episiotomia pode prolongar o período de recuperação.
  • Incontinência urinária ou fecal: pode causar danos aos músculos que controlam a bexiga e o intestino, levando à incontinência.
  • Dor durante o contato íntimo: a dor durante a relação sexual é uma queixa comum após a episiotomia.

Recuperação da episiotomia

O tempo de cicatrização da episiotomia varia de mulher para mulher, mas geralmente leva cerca de 6 semanas. Durante a recuperação, é importante seguir as recomendações médicas, como:

bebê no colo
A episiotomia pode afetar a musculatura do períneo, causando dor e desconforto (Foto: Freepik)
  • Manter a região íntima limpa e seca, trocando o absorvente frequentemente.
  • Utilizar compressas frias para reduzir o inchaço e a dor.
  • Tomar analgésicos e anti-inflamatórios prescritos pelo médico.
  • Evitar o uso de roupas apertadas e que dificultem a ventilação da região.
  • Realizar exercícios de Kegel para fortalecer os músculos do assoalho pélvico.
  • Aguardar a liberação médica para retomar a atividade sexual.

Dicas para evitar a episiotomia

Embora nem sempre seja possível evitar a episiotomia, algumas medidas podem diminuir as chances de necessidade do procedimento:

  • Realizar exercícios para fortalecer o períneo durante a gestação: exercícios de Kegel e pilates são exemplos de atividades que auxiliam no fortalecimento da musculatura pélvica.
  • Massagem perineal: a massagem perineal a partir da 34ª semana de gestação pode aumentar a elasticidade da região, facilitando a passagem do bebê.
  • Parto humanizado: o parto humanizado, com liberdade de movimento e posições que favoreçam a saída do bebê, pode contribuir para a redução da necessidade de episiotomia.

A episiotomia no Brasil

De acordo com um levantamento da plataforma digital BabyCenter Brasil, o número de episiotomias realizadas no país vem diminuindo nos últimos anos, tanto na rede pública quanto na privada. Apesar da queda, o índice atual ainda supera a recomendação da OMS, que sugere a realização da episiotomia em no máximo 10% dos partos.

A episiotomia é um procedimento que deve ser realizado com cautela e apenas quando estritamente necessário. A decisão de realizar a episiotomia deve ser tomada em conjunto pela mulher e a equipe médica, levando em consideração os riscos e benefícios para cada caso. É importante que as gestantes se informem sobre o procedimento e conversem com seu médico durante o pré-natal.

Fontes: Grupo Rede D’or; Veja Saúde

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