Pesquisa revela que jejum intermitente ajuda no controle da diabetes tipo 2

Descubra os benefícios e riscos do jejum intermitente para a saúde, como ele afeta o diabetes tipo 2 e se é seguro para quem usa insulina

O jejum intermitente tem se popularizado como uma alternativa para quem busca emagrecer e controlar a diabetes tipo 2. Mas será que essa dieta é realmente eficaz e segura? Neste artigo, vamos explorar os benefícios, riscos e cuidados necessários ao aderir ao jejum intermitente, com base em estudos científicos e recomendações médicas.

O que é jejum intermitente e como funciona?

O jejum intermitente se baseia na alternância entre períodos de jejum e períodos de alimentação, diferindo das dietas tradicionais que focam na restrição calórica. No regime mais popular para emagrecimento, a pessoa fica 16 horas em jejum, geralmente do jantar até o almoço do dia seguinte, consumindo apenas água, café ou suco de limão sem açúcar.

O Dr. Antonio Roberto Chacra, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês, explica que a eficácia do jejum intermitente se compara à dieta tradicional, pois o fator determinante é a quantidade total de calorias ingeridas, e não a frequência das refeições. É crucial, portanto, evitar excessos nas duas refeições permitidas.

Benefícios do jejum intermitente para o diabetes tipo 2

O jejum intermitente pode auxiliar no controle do diabetes tipo 2, que representa 90% dos casos da doença e se desenvolve ao longo da vida, geralmente após os 45 anos, devido ao excesso de peso e sedentarismo. É importante destacar que essa prática não se aplica ao diabetes tipo 1, que exige tratamento com insulina desde a infância ou adolescência.

A perda de peso proporcionada pelo jejum intermitente contribui para o tratamento da resistência à insulina, condição que aumenta o risco de diabetes tipo 2. Além disso, o regime diminui a carga de trabalho do pâncreas, que em pessoas com diabetes tipo 2, perde a capacidade de produzir insulina suficiente para regular a glicose no sangue.

Um estudo da Universidade Metropolitana de Manchester, apresentado na reunião anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD), comprovou que o jejum de 16 horas, com uma janela de alimentação de 8 horas, melhora significativamente o controle glicêmico em adultos com risco de diabetes tipo 2. Os benefícios, como a redução nas flutuações dos níveis de glicose, podem ser observados em apenas três dias, independentemente do horário da primeira refeição.

Riscos e cuidados com o jejum intermitente

Embora promissor, o jejum intermitente não é indicado para todos. Pessoas com diabetes tipo 1, insuficiência hepática ou renal, anorexia nervosa e tendência à hipoglicemia podem sofrer graves quedas de açúcar no sangue ao ficarem horas sem se alimentar.

jejum intermitente
O jejum intermitente consiste em restringir a alimentação a uma janela de tempo específica durante o dia (Foto: Freepik)

É fundamental consultar um médico antes de iniciar qualquer tipo de jejum, especialmente se você apresentar sintomas de hipoglicemia, como:

  • Tremedeira
  • Suores e calafrios
  • Irritabilidade
  • Confusão mental
  • Visão embaçada
  • Tontura
  • Taquicardia

Jejum intermitente e o uso de insulina

Um estudo publicado na revista Diabetes Care da American Diabetes Association (ADA) investigou a segurança e eficácia do jejum intermitente em pacientes com diabetes tipo 2 que utilizam insulina. A pesquisa, conduzida na Áustria, adotou um protocolo misto de jejum em dias alternados e tempo restrito de alimentação.

Os participantes, em uso de doses elevadas de insulina, jejuaram por pelo menos 18 horas em três dias da semana, reduzindo em 75% as calorias ingeridas nesses dias. Nos demais dias, não houve restrição calórica. As doses de insulina foram reduzidas em 20% nos dias de jejum para minimizar o risco de hipoglicemia.

Os resultados demonstraram que o jejum intermitente, mesmo em pacientes com diabetes tipo 2 de longa data e em uso de altas doses de insulina, foi seguro e eficaz. O grupo que praticou o jejum apresentou redução significativa na hemoglobina glicada, perda de peso e diminuição na dose diária de insulina, sem aumento no número de hipoglicemias.

É importante ressaltar que o estudo possui limitações, como o número reduzido de participantes e a falta de cegamento. No entanto, os resultados são promissores e incentivam a realização de pesquisas mais amplas e de longo prazo.

O jejum intermitente pode ser uma ferramenta valiosa para o emagrecimento e controle do diabetes tipo 2, mas é essencial adotar essa prática com cautela e acompanhamento médico.

  • Consulte um médico: Antes de iniciar o jejum intermitente, converse com seu médico para avaliar os riscos e benefícios para o seu caso.
  • Atenção aos sinais de hipoglicemia: Se você sentir tremores, suores, irritabilidade, confusão mental, visão embaçada, tontura ou taquicardia, interrompa o jejum e procure ajuda médica.
  • Ajuste a dose de insulina: Se você utiliza insulina, converse com seu médico sobre a necessidade de ajustar a dose nos dias de jejum.
  • Mantenha hábitos saudáveis: O jejum intermitente não substitui a importância de uma dieta equilibrada, prática regular de exercícios físicos e acompanhamento médico regular.

Lembre-se de que o jejum intermitente é apenas uma das estratégias para o controle do diabetes tipo 2 e emagrecimento. Adote um estilo de vida saudável para alcançar seus objetivos de forma segura e eficaz.

Fontes: Hospital Sírio Libanês; Metrópoles; Portal Afya

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