Esse é o motivo de mulheres sentirem mais dores do que homens

Uma nova pesquisa revelou que de fato, mulheres e homens podem sentir dor de maneiras diferentes, o que pode ajudar a explicar a razão de alguns analgésicos serem mais eficazes em um gênero do que em outro

A dor, uma experiência universal e intrincada, afeta homens e mulheres de maneiras distintas. Essa constatação, que por muito tempo permaneceu à margem das pesquisas científicas, tem ganhado destaque nos últimos anos, revelando a necessidade de uma abordagem mais abrangente e sensível às questões de gênero no tratamento da dor.
Por décadas, a pesquisa médica adotou uma perspectiva predominantemente masculina, utilizando majoritariamente cobaias machos ou voluntários homens em seus estudos. Essa abordagem enviesada, como apontam pesquisadores canadenses em um estudo publicado na revista científica Brain, resultou em uma lacuna significativa na compreensão das nuances da dor em mulheres.
A descoberta de que a proteína Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF) atua de forma diferente em homens e mulheres lança luz sobre os mecanismos biológicos por trás dessa disparidade. O BDNF, conhecido por seu papel crucial no processamento da dor na medula espinhal, amplifica a sinalização da dor em homens e ratos machos, mas não em mulheres e ratas.
Essa diferença, observada tanto em roedores quanto em humanos, sugere que hormônios sexuais, como o estrógeno, desempenham um papel fundamental na modulação da dor em mulheres. A remoção dos ovários em ratas fêmeas eliminou a diferença na sinalização da dor entre os sexos, confirmando a influência hormonal nesse processo.
As implicações dessa descoberta são profundas, abrindo caminho para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e personalizados para a dor crônica, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Annemarie Dedek, autora principal do estudo canadense, destaca a importância de se considerar as diferenças de gênero na busca por soluções para a dor crônica.

Entendendo as diferenças entre os sexos

Outro estudo, conduzido pela Universidade da Califórnia em San Diego, corrobora a tese de que homens e mulheres processam a dor de maneira diferente, utilizando sistemas biológicos distintos para o alívio da dor. A pesquisa, focada na meditação como ferramenta para o tratamento da dor lombar crônica, revelou que enquanto os homens liberam opioides endógenos, analgésicos naturais do corpo, para aliviar a dor, as mulheres recorrem a mecanismos não opioides.
homens e mulheres
O estudo revela que o estrógeno, desempenham um papel fundamental na modulação da dor em mulheres (Foto: Freepik)
Essa diferença na resposta aos opioides pode explicar por que as mulheres tendem a apresentar menor eficácia e maior risco de dependência em relação aos analgésicos opioides sintéticos, como a morfina e o fentanil. O estudo sugere que, por serem biologicamente menos responsivas aos opioides, as mulheres podem precisar de doses mais altas para obter alívio da dor, aumentando o risco de dependência.
Os resultados do estudo da Universidade da Califórnia reforçam a necessidade urgente de terapias para a dor específicas para cada sexo, a fim de melhorar os resultados dos pacientes e reduzir a dependência e o uso indevido de opioides. O professor Fadel Zeidan, um dos autores da pesquisa, enfatiza que as disparidades no manejo da dor entre homens e mulheres são evidentes e exigem maior atenção no desenvolvimento e prescrição de tratamentos.
Além das diferenças biológicas, fatores sociais e culturais também podem influenciar a forma como homens e mulheres vivenciam e relatam a dor. A socialização, que molda comportamentos e expectativas de gênero, pode levar os homens a subnotificar a dor, enquanto as mulheres podem ser mais propensas a expressá-la abertamente.
A compreensão das complexas interações entre biologia, cultura e gênero é crucial para o desenvolvimento de estratégias eficazes para o tratamento da dor. A pesquisa científica, ao desvendar os mecanismos subjacentes às diferenças de gênero na percepção da dor, abre caminho para uma medicina mais personalizada e humanizada, capaz de atender às necessidades específicas de cada paciente.
Fontes: Canal Tehc; Terra; Science Daily

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