Estudo revela que pessoas bilíngues tem menos chances de desenvolver Alzheimer

Estudo indica pessoas bilingues possuem menores chances de desenvolver o Alzheimer, mais pesquisas ainda são necessárias, mas falar mais de um idioma pode ser um escudo contra o declínio cognitivo

O bilinguismo, ou seja, a capacidade de falar fluentemente dois idiomas, tem sido objeto de estudo por seus potenciais benefícios cognitivos, especialmente no envelhecimento. Uma pesquisa recente da Universidade Concordia, publicada no periódico Bilingualism: Language and Cognition, sugere que o bilinguismo pode estar associado a um hipocampo maior e mais saudável em pacientes com Alzheimer.

Hipocampo: região chave para a memória

O hipocampo, uma estrutura cerebral crucial para a aprendizagem e a memória, é severamente afetado pela doença de Alzheimer. O estudo da Concordia, liderado pela doutoranda Kristina Coulter e pela professora Natalie Phillips, utilizou métodos de neuroimagem para comparar as características cerebrais de adultos mais velhos monolíngues e bilíngues. Os participantes foram divididos em grupos: cognitivamente normais, em risco de declínio cognitivo subjetivo ou comprometimento cognitivo leve, e diagnosticados com Alzheimer.

Resultados surpreendentes: manutenção cerebral em bilíngues

Os resultados revelaram que, enquanto havia evidências de atrofia do hipocampo entre indivíduos monolíngues com comprometimento cognitivo leve e Alzheimer, não houve alteração no volume do hipocampo em bilíngues ao longo do desenvolvimento da doença. Em outras palavras, o volume cerebral na área relacionada ao Alzheimer permaneceu semelhante em bilíngues, independentemente de seu estado cognitivo.

Bilinguismo e resiliência cerebral

Essa descoberta sugere que o bilinguismo pode estar relacionado a alguma forma de “manutenção cerebral”, um dos componentes da resiliência cerebral. Ela se refere à capacidade do cérebro de lidar com as mudanças associadas ao envelhecimento. Acredita-se que a estimulação mental, como o bilinguismo, juntamente com hábitos saudáveis como dieta equilibrada, exercícios físicos regulares, sono de qualidade e boa saúde sensorial, contribuam para a proteção do cérebro contra a deterioração.

Formas de engajamento cognitivo e social

É importante destacar que falar mais de um idioma é apenas uma das diversas maneiras de se manter cognitiva e socialmente engajado, o que promove a saúde cerebral. No entanto, este estudo é particularmente notável por ter analisado a influência potencial do bilinguismo na estrutura cerebral em diferentes estágios de risco de demência.

pessoas bilingues
O aprendizado constante desafia o cérebro e fortalece a reserva cognitiva, o que diminui as chances de Alzheimer

Outras formas de evitar o Alzheimer:

  1. Controle os níveis de açúcar no sangue e o peso: manter um peso saudável e níveis adequados de açúcar no sangue é fundamental para prevenir o diabetes tipo 2, um fator de risco para o Alzheimer.
  2. Mantenha um peso aaudável: a obesidade aumenta o risco de desenvolver diversas doenças, incluindo o Alzheimer. Esforce-se para manter um Índice de Massa Corporal (IMC) abaixo de 25.
  3. Busque educação contínua: a educação ao longo da vida, desde a infância, está associada a um menor risco de Alzheimer. O aprendizado constante desafia o cérebro e fortalece a reserva cognitiva.
  4. Proteja a cabeça: traumatismos cranianos, como concussões, podem aumentar o risco de Alzheimer. Tome precauções para evitar lesões na cabeça.
  5. Mantenha-se cognitivamente ativo: estimule seu cérebro com atividades como leitura, jogos, aprendizado de novas habilidades e hobbies. A estimulação cognitiva contribui para a reserva cognitiva e protege contra o declínio mental.
  6. Cuide da saúde mental: depressão e estresse crônico podem afetar negativamente a saúde do cérebro. Busque ajuda profissional se necessário e pratique técnicas de gerenciamento do estresse.
  7. Controle a pressão arterial: a hipertensão arterial é um fator de risco para doenças cardiovasculares e também para o Alzheimer. Monitore sua pressão arterial a partir dos 40 anos e siga as recomendações médicas para controlá-la.
  8. Verifique sua audição: a perda auditiva pode estar associada a danos na região cerebral relacionada à memória. Faça exames de audição regularmente e utilize aparelho auditivo, se necessário.
  9. Adote hábitos alimentares saudáveis: uma dieta rica em frutas, legumes, verduras e alimentos ricos em Ômega-3 contribui para a saúde do cérebro. Limite o consumo de alimentos processados, açúcares refinados e gorduras saturadas.
  10. Pratique exercícios físicos regularmente: a atividade física regular melhora a circulação sanguínea, oxigena o cérebro e protege contra o declínio cognitivo.

Pesquisas futuras: impacto em redes cerebrais

Os pesquisadores da Concordia pretendem investigar se o multilinguismo exerce uma influência positiva semelhante nas redes cerebrais.

Evidências adicionais: bilinguismo e cognição

Um estudo alemão publicado na revista Neurobiology of Aging corrobora a ideia de que o bilinguismo pode ser um fator de proteção contra o declínio cognitivo e a demência. A pesquisa, que contou com a participação de mais de 700 pessoas entre 59 e 76 anos, demonstrou que indivíduos bilíngues obtiveram pontuações mais altas em testes de linguagem, memória, foco, atenção e habilidades de tomada de decisão, em comparação com os monolíngues.

Apesar das evidências crescentes, a relação entre bilinguismo e saúde cerebral ainda é um campo em desenvolvimento, com resultados de pesquisas variadas. Enquanto alguns estudos indicam que o bilinguismo pode atrasar o surgimento da demência, outros não encontraram benefícios claros. A neurociência tem um vasto campo a explorar nesse sentido.

Embora mais pesquisas sejam necessárias para compreender completamente os mecanismos pelos quais o bilinguismo impacta o cérebro, as evidências atuais sugerem que falar mais de um idioma pode ser um fator importante na proteção contra o declínio cognitivo e a demência. O bilinguismo, como forma de estimulação mental e engajamento social, pode contribuir para a resiliência cerebral e a manutenção da saúde cognitiva ao longo da vida.

Fontes: CNN Brasil; Science Daily; Veja Saúde

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