A poluição do ar é um problema global que afeta a saúde de milhões de pessoas, especialmente as crianças. Um estudo recente, liderado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), revelou que a exposição a certos poluentes durante a gravidez e a infância está associada a alterações na microestrutura da substância branca do cérebro, com alguns desses efeitos persistindo até a adolescência.
Impactos da poluição na substância branca do cérebro
A substância branca é responsável por conectar diferentes regiões do cérebro, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento neurológico. O estudo do ISGlobal, publicado na revista Environmental Research, analisou dados de mais de 4.000 participantes do Estudo Generation R em Rotterdam, Holanda. Os pesquisadores estimaram a exposição a 14 poluentes atmosféricos diferentes durante a gravidez e a infância, com base na localização das famílias.
Resultados alarmantes:
- Exposição a partículas finas (PM2.5) e óxidos de nitrogênio (NOx) durante a gravidez e a infância foi associada a níveis mais baixos de anisotropia fracionária, um marcador que mede a difusão das moléculas de água no cérebro.
- A anisotropia fracionária tende a ser maior em cérebros mais maduros, indicando que a água flui mais em uma direção do que em todas as direções.
- A associação entre a exposição à poluição e a menor anisotropia fracionária persistiu durante a adolescência, sugerindo um impacto a longo prazo no desenvolvimento cerebral.
- Cada aumento no nível de exposição à poluição correspondeu a um atraso de mais de 5 meses no desenvolvimento da anisotropia fracionária.
Possíveis mecanismos de ação dos poluentes
Os pesquisadores acreditam que a redução da anisotropia fracionária provavelmente resulta de alterações na mielina, a bainha protetora que envolve os nervos. A poluição pode provocar essas alterações com a entrada de partículas pequenas diretamente no cérebro.
- Mediadores inflamatórios produzidos pelo corpo quando as partículas entram nos pulmões, levando à neuroinflamação, estresse oxidativo e, eventualmente, morte neuronal.
Implicações para a saúde pública e o meio ambiente
Os resultados do estudo reforçam a importância de tratar a poluição do ar como uma questão de saúde pública, especialmente para mulheres grávidas e crianças. Os autores defendem a necessidade de diretrizes europeias mais rigorosas sobre a poluição do ar.
Medidas preventivas:
O Hospital Pequeno Príncipe destaca a importância de adotar medidas para proteger as crianças dos efeitos da poluição do ar.
- Hidratação: Incentivar a ingestão de água ao longo do dia.
- Controle do ambiente: Manter o ambiente livre de odores, poeira, fumaça, tabaco e outras emissões.
- Umidificação: Utilizar umidificadores limpos diariamente ou toalhas molhadas e bacias com água.
- Umidificação nasal: Realizar nebulizações ou lavagem nasal com soro fisiológico pelo menos uma vez ao dia, mesmo sem sintomas.
- Máscaras: Em áreas com queimadas, o Ministério da Saúde recomenda o uso de máscaras N95, PFF2 ou P100.
- Permanecer em ambientes fechados: Se possível, ficar em casa, em locais ventilados, com ar-condicionado ou purificadores de ar.
A poluição do ar representa uma ameaça invisível, mas real, para o desenvolvimento cerebral das crianças. É fundamental que governos, instituições de saúde e a sociedade como um todo se unam para combater esse problema e proteger a saúde das futuras gerações. As fontes fornecidas enfatizam a necessidade de ações preventivas, tanto em nível individual quanto coletivo, para minimizar os impactos da poluição do ar na saúde das crianças.
Fontes: Science Daily; Hospital Pequeno Príncipe