O Brasil ocupa a segunda posição global em casos de burnout, uma síndrome resultante do estresse crônico no ambiente de trabalho, ficando atrás apenas do Japão. A pandemia da Covid-19 intensificou o problema, com um aumento de 236% nos afastamentos laborais por burnout entre 2019 e 2024, segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) estima que cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome, evidenciando a necessidade de abordar o tema com seriedade.
Causas e sintomas do burnout:
A principal causa desse problema é a sobrecarga de trabalho, exagerada pela cultura contemporânea que glorifica a dedicação excessiva à vida profissional. Influenciadores digitais, com suas narrativas de sucesso e riqueza rápida, contribuem para a pressão por jornadas de trabalho extenuantes, ignorando os riscos à saúde mental e física.
Além da sobrecarga, outros fatores podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome, como:
- Pouca autonomia nas decisões.
- Falta de recursos para executar as tarefas.
- Ambiente de trabalho hostil e conflituoso.
- Desvalorização profissional.
- Pressão excessiva e metas inalcançáveis.
- Abusos, como assédio moral e sexual.
Os sintomas do burnout afetam diversas áreas da vida, manifestando-se de forma física, emocional e mental. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:
Físicos:
- Exaustão extrema.
- Insônia.
- Dores musculares e osteomusculares.
- Problemas gastrointestinais.
- Tontura e sensação de desmaio.
- Alterações no batimento cardíaco.
- Dores de cabeça e pressão alta.
Emocionais e mentais:
- Irritabilidade acentuada.
- Dificuldade de concentração e lapsos de memória.
- Problemas para tomar decisões.
- Ansiedade e depressão.
- Baixa autoestima e sentimentos de incompetência.
- Isolamento social e distanciamento afetivo.
- Desmotivação e procrastinação.
- Negatividade constante e sentimentos de derrota e fracasso.
Impacto do burnout na vida profissional:
Ele pode impactar negativamente a carreira de alguém, levando à redução da produtividade, aumento de erros, absenteísmo e, em casos mais graves, ao afastamento do trabalho. A síndrome pode comprometer a capacidade de lidar com responsabilidades, prejudicando o desempenho e a qualidade do trabalho.
Tipos de burnout:
A especialista em burnout Emily Ballesteros, autora do livro “A Cura do Burnout”, identifica três tipos principais da síndrome:
- Burnout por volume: decorrente do excesso de responsabilidades, agenda lotada e falta de tempo para descanso.
- Burnout social: causado por demandas interpessoais excessivas que esgotam os recursos sociais disponíveis.
- Burnout por tédio: resultante do desinteresse crônico por aspectos da vida, levando à sensação de apatia e falta de propósito.
Tratamento e prevenção do burnout:
O tratamento exige uma abordagem multidisciplinar, combinando:
- Repouso: afastar-se do trabalho e descansar é crucial para a recuperação.
- Terapia: a psicoterapia auxilia na identificação dos gatilhos do burnout, desenvolvimento de mecanismos de enfrentamento e mudança de hábitos e comportamentos.
- Mudança de estilo de vida: adotar uma rotina mais equilibrada, com tempo para lazer, atividades físicas e momentos de relaxamento.
- Medicamentos: em casos mais graves, um psiquiatra pode prescrever medicamentos para aliviar os sintomas de ansiedade e depressão.
A prevenção do burnout envolve:
- Consciência dos limites: reconhecer a própria capacidade e evitar ultrapassar os limites físicos e mentais.
- Equilíbrio entre vida profissional e pessoal: dedicar tempo a atividades prazerosas, hobbies e momentos com familiares e amigos.
- Exercícios físicos: a prática regular de atividades físicas contribui para a saúde física e mental, aliviando o estresse e promovendo bem-estar.
- Gerenciamento do tempo: organizar as tarefas, priorizar o que é urgente e aprender a delegar responsabilidades.
O burnout é um problema crescente no Brasil, afetando a saúde e a produtividade dos trabalhadores. É fundamental conscientizar a sociedade sobre os riscos da síndrome, incentivando a busca por ajuda profissional e a adoção de medidas preventivas. A responsabilidade por um ambiente de trabalho saudável é compartilhada entre empregadores e empregados, com a necessidade de criar uma cultura que valorize o bem-estar e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Fontes: Rede D’or; Você S/A; Grupo Folha do Estado SC; Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo