Trabalhar em pé durante muitas horas prejudica a pressão arterial, revela pesquisa

Trabalhos em pé por longas horas causas diversos preuízos a saúde, principalmente a pressão arterial, aumentando o risco de varizes, dores e até embolia pulmonar

Passar horas em pé pode parecer inofensivo, mas a realidade é que essa prática, tão comum em diversas profissões, esconde perigos à saúde. As longas jornadas em pé, sem pausas adequadas para descanso, podem levar ao desenvolvimento de problemas circulatórios, dores nas pernas e comprometimento da qualidade de vida dos trabalhadores. Neste artigo, vamos abordar os riscos da permanência prolongada em pé e apresentar medidas preventivas para proteger a saúde dos trabalhadores.

Os perigos de ficar em pé por muito tempo

Um dos principais problemas associados à permanência prolongada em pé é o desenvolvimento de varizes. As varizes são veias dilatadas e tortuosas que surgem quando as válvulas venosas, responsáveis por impedir o refluxo do sangue, se tornam ineficientes. A compressão exercida pela gravidade nas veias das pernas dificulta o retorno do sangue para o coração, contribuindo para o surgimento desse problema.

A obstrução do fluxo sanguíneo, causada pelas varizes, pode levar a complicações graves, como a embolia pulmonar. A embolia pulmonar ocorre quando um coágulo sanguíneo, formado nas veias das pernas, se desprende e se aloja nos vasos sanguíneos dos pulmões, obstruindo a passagem do sangue e comprometendo a oxigenação do corpo. Essa condição é potencialmente fatal e exige atenção médica imediata.

Além das varizes, a permanência prolongada em pé pode causar dores nas pernas, inchaço, sensação de peso e fadiga. Esses sintomas afetam a qualidade de vida dos trabalhadores, limitando sua mobilidade, produtividade e bem-estar geral.

Quem está em risco?

Diversas profissões expõem os trabalhadores à permanência prolongada em pé. Entre elas, podemos destacar:

  • Frentistas: Em postos de combustíveis, os frentistas passam grande parte do seu expediente em pé, abastecendo veículos e atendendo clientes.
  • Profissionais da saúde: Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros profissionais da saúde ficam em pé por longos períodos durante consultas, cirurgias, atendimentos de emergência e cuidados com pacientes.
  • Vendedores: Profissionais do comércio varejista, como vendedores de loja, caixas e repositores, passam grande parte do seu tempo em pé atendendo clientes, operando caixas registradoras e organizando mercadorias.
  • Garçons e bartenders: Em restaurantes, bares e lanchonetes, garçons e bartenders permanecem em pé durante todo o expediente, servindo clientes e preparando bebidas.
  • Operadores de produção: Em fábricas e indústrias, operadores de produção podem permanecer em pé por longos períodos operando máquinas e executando tarefas repetitivas.

Além da profissão, outros fatores de risco para o desenvolvimento de problemas de saúde associados à permanência prolongada em pé incluem:

obesidade
A prevenção dos problemas de saúde associados à permanência prolongada em pé envolve a adoção de medidas simples (Foto: Pexels)
  • Obesidade: O excesso de peso sobrecarrega o sistema circulatório, dificultando o retorno venoso e aumentando o risco de varizes.
  • Sedentarismo: A falta de atividade física enfraquece a musculatura das pernas, prejudicando a circulação sanguínea.
  • Fator genético: A predisposição genética desempenha um papel importante no desenvolvimento de varizes.
  • Sexo feminino: As mulheres são mais propensas a desenvolver varizes, principalmente durante a gravidez, devido às alterações hormonais.

Dicas para prevenir problemas de saúde

A prevenção dos problemas de saúde associados à permanência prolongada em pé envolve a adoção de medidas simples, mas eficazes. Algumas dicas importantes incluem:

  • Realizar pausas regulares: Levantar-se e caminhar por alguns minutos a cada 30 minutos ajuda a ativar a circulação sanguínea e aliviar a pressão nas pernas.
  • Utilizar calçados confortáveis e adequados: Evitar saltos altos e calçados apertados que comprimam os pés e prejudiquem a circulação.
  • Manter uma postura correta: Distribuir o peso do corpo uniformemente nos dois pés, evitando ficar apoiado em apenas uma perna.
  • Praticar exercícios físicos regularmente: A atividade física fortalece a musculatura das pernas, melhora a circulação sanguínea e ajuda a controlar o peso.
  • Elevar as pernas ao final do dia: Elevar as pernas por alguns minutos, acima da altura do coração, favorece o retorno venoso e reduz o inchaço.
  • Utilizar meias de compressão: As meias de compressão exercem pressão graduada nas pernas, auxiliando o retorno venoso e prevenindo o surgimento de varizes.
  • Controlar o peso: Manter um peso saudável reduz a sobrecarga no sistema circulatório.
  • Evitar o consumo excessivo de sal: O excesso de sal contribui para a retenção de líquidos e o inchaço nas pernas.
  • Ingerir bastante líquidos: A hidratação adequada é essencial para a boa circulação sanguínea.
  • Consultar um médico regularmente: É importante realizar consultas médicas periódicas para avaliar a saúde vascular e identificar precocemente qualquer problema.

A importância da legislação e da fiscalização

A Norma Regulamentadora 17 (NR 17), do Ministério do Trabalho e Previdência Social, estabelece parâmetros para a adaptação das condições de trabalho, visando à saúde e segurança dos trabalhadores. O item 17.3.5 dessa norma exige a instalação de assentos em número suficiente nos locais de trabalho onde as atividades são realizadas em pé, garantindo pausas para descanso.

No entanto, ainda é comum encontrar empresas que desrespeitam essa norma, colocando em risco a saúde dos seus funcionários. A fiscalização do cumprimento da NR 17 é essencial para garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

A busca por um equilíbrio

É importante ressaltar que ficar em pé não é necessariamente prejudicial à saúde. O problema está na permanência prolongada nessa postura, sem pausas adequadas e sem a prática de exercícios físicos compensatórios.

Um estudo finlandês, publicado na revista “Medicine & Science in Sports & Exercise”, revelou que a permanência prolongada em pé no trabalho teve um impacto negativo na pressão arterial dos participantes. Em contrapartida, passar mais tempo sentado no trabalho foi associado a uma melhor pressão arterial. Os pesquisadores sugerem que o comportamento em relação à atividade física durante o horário de trabalho pode ser mais relevante para a pressão arterial do que a atividade física recreativa.

A recomendação é buscar um equilíbrio entre ficar em pé, sentar e se movimentar ao longo do dia. Alternar as posições, realizar pausas regulares e praticar exercícios físicos são medidas fundamentais para prevenir problemas de saúde e manter a qualidade de vida dos trabalhadores.

A saúde do trabalhador é uma questão de responsabilidade compartilhada entre empregadores, trabalhadores e órgãos governamentais. É fundamental que todos se conscientizem dos riscos da permanência prolongada em pé e se engajem na implementação de medidas preventivas.

Investir na saúde do trabalhador é investir na produtividade, no bem-estar e na sustentabilidade das empresas. Um ambiente de trabalho saudável e seguro contribui para a motivação, o comprometimento e a qualidade de vida dos funcionários, refletindo positivamente nos resultados da organização.

Fontes: Associação Nacional da Medicina do Trabalho; Science Daily

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