A sepse, anteriormente conhecida como septicemia ou infecção no sangue, é uma condição médica grave que exige atenção imediata. Trata-se de uma resposta inflamatória sistêmica desencadeada por uma infecção, geralmente bacteriana, que se espalha por todo o corpo. Essa reação, apesar de ter como objetivo combater o agente infeccioso, pode levar a complicações sérias, incluindo a falência de múltiplos órgãos e até mesmo a morte.
Como a sepse se desenvolve?
Quando o organismo detecta uma infecção, o sistema imunológico entra em ação liberando substâncias químicas para combatê-la. Na sepse, essa resposta inflamatória se torna descontrolada e se espalha pelo corpo, afetando o funcionamento de órgãos vitais. A queda da pressão arterial, a má oxigenação das células e as alterações na coagulação sanguínea são algumas das consequências dessa inflamação generalizada.
Quais os sintomas da sepse?
Os sintomas da sepse variam de acordo com a gravidade do quadro. No entanto, alguns sinais comuns incluem:
- Febre alta ou hipotermia: A temperatura corporal pode oscilar entre extremos, indicando uma resposta inflamatória desregulada.
- Calafrios: Sensação de frio intenso, frequentemente acompanhada de tremores, é um sintoma comum.
- Baixa produção de urina: A diminuição na produção de urina pode ser um sinal de que os rins estão sendo afetados.
- Respiração acelerada e falta de ar: A dificuldade em respirar indica que os pulmões podem estar comprometidos.
- Ritmo cardíaco acelerado: O coração acelera para tentar compensar a queda da pressão arterial.
- Agitação e confusão mental: A falta de oxigenação no cérebro pode causar alterações no estado mental.
- Aumento na contagem de leucócitos e queda no número de plaquetas: Alterações no hemograma indicam uma resposta inflamatória sistêmica.
Onde a infecção se inicia?
A infecção que desencadeia a sepse pode se originar em diversos órgãos. Os mais comuns são:
- Pulmões: Pneumonia é uma causa frequente de sepse.
- Abdômen: Infecções como apendicite, peritonite e infecções biliares e hepáticas podem evoluir para sepse abdominal.
- Rins e bexiga: Infecções urinárias e renais podem levar à sepse.
- Pele: Feridas, celulite, erisipela, abscessos e locais de inserção de cateteres e sondas podem ser portas de entrada para infecções que evoluem para sepse.
- Sistema Nervoso Central: Meningite é uma infecção grave que pode desencadear sepse.
Quais os estágios da sepse?
A sepse é classificada em três níveis de gravidade, de acordo com a sua progressão:
- Sepse: Presença de infecção comprovada ou suspeita, acompanhada de pelo menos dois sinais de resposta inflamatória sistêmica, como febre, calafrios, falta de ar, entre outros.
- Sepse grave: Quando a resposta inflamatória leva ao comprometimento funcional de um ou mais órgãos.
- Choque séptico: Queda drástica da pressão arterial que não responde à administração de fluidos intravenosos, indicando falência circulatória.
Quem corre mais risco de desenvolver sepse?
A sepse pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade. No entanto, alguns grupos são mais vulneráveis:
- Pessoas hospitalizadas: O ambiente hospitalar, por si só, aumenta o risco de infecções.
- Indivíduos com sistema imunológico debilitado: Pessoas com doenças crônicas, como diabetes, insuficiência cardíaca e renal, ou em tratamento quimioterápico, têm maior risco de desenvolver infecções.
- Bebês prematuros e crianças com menos de um ano: O sistema imunológico imaturo torna esses grupos mais suscetíveis a infecções graves.
- Idosos acima de 65 anos: O envelhecimento natural do sistema imunológico aumenta a vulnerabilidade a infecções.
- Pessoas com predisposição genética: Alguns indivíduos possuem predisposição genética a desenvolver respostas inflamatórias mais intensas.
- Usuários de álcool e outras drogas: O consumo excessivo de álcool e drogas deprime o sistema imunológico, aumentando o risco de infecções.
- Pessoas com áreas extensas de queimaduras ou ferimentos graves: Queimaduras e ferimentos extensos, como os provocados por armas de fogo ou acidentes automobilísticos, aumentam o risco de infecções.
Diagnóstico e tratamento da sepse
O diagnóstico da sepse depende de uma avaliação médica criteriosa, incluindo:
- Exame físico: O médico avalia os sinais vitais do paciente, como temperatura, frequência cardíaca, pressão arterial e respiração, além de buscar sinais de infecção.
- Exames de sangue: O hemograma e a hemocultura são exames importantes para identificar a presença de infecção e avaliar a resposta inflamatória.
- Exames de urina: A cultura de urina é utilizada para diagnosticar infecções urinárias.
- Cultura de secreções: A cultura de secreções respiratórias e de lesões cutâneas pode ser realizada para identificar o agente infeccioso.
- Exames de imagem: Radiografias, ultrassonografias, tomografias e ressonâncias magnéticas podem auxiliar na identificação do foco infeccioso e na avaliação do comprometimento de órgãos.
O tratamento da sepse deve ser iniciado o mais rápido possível para evitar complicações. Geralmente, o paciente é internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) e recebe:
- Antibióticos de amplo espectro: Administrados por via intravenosa para combater a infecção, mesmo antes da identificação do agente infeccioso. A escolha do antibiótico pode ser ajustada após o resultado da cultura.
- Medicamentos vasopressores: Utilizados para aumentar a pressão arterial em casos de choque séptico, ajudando a manter a circulação sanguínea.
- Reposição de fluidos: A administração de fluidos intravenosos ajuda a manter a hidratação e a estabilizar a pressão arterial.
- Suporte respiratório: Em casos de insuficiência respiratória, pode ser necessária a ventilação mecânica.
- Hemodiálise: Em casos de insuficiência renal, a hemodiálise pode ser utilizada para remover toxinas e excesso de líquidos do sangue.
Sepse: um problema de saúde pública
A sepse é uma condição médica grave e frequente, com alta taxa de mortalidade. De acordo com o Instituto Latino Americano de Sepse (Ilas), a sepse é responsável por cerca de 25% das internações em UTI no Brasil e é uma das principais causas de morte em hospitais.
Como se prevenir da sepse?
A prevenção da sepse envolve a adoção de medidas para reduzir o risco de infecções. Algumas recomendações importantes são:
- Lavar as mãos com frequência: A higiene adequada das mãos é fundamental para evitar a propagação de germes.
- Manter a vacinação em dia: As vacinas protegem contra diversas doenças que podem evoluir para sepse.
- Evitar a automedicação: O uso indiscriminado de antibióticos pode contribuir para o surgimento de bactérias resistentes.
- Não interromper o tratamento com antibióticos antes do tempo prescrito pelo médico: A interrupção prematura do tratamento pode levar à reincidência da infecção e ao desenvolvimento de resistência bacteriana.
- Procurar atendimento médico ao primeiro sinal de infecção: A detecção e o tratamento precoce da infecção são essenciais para prevenir a sepse.
- Ter atenção especial aos sinais de febre em crianças: A febre em crianças pode ser um sinal de alerta para infecções graves.
A sepse é uma condição médica complexa e potencialmente fatal. A informação e a conscientização sobre a doença são cruciais para a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, aumentando as chances de sobrevida e reduzindo o risco de complicações.
Fontes: Hospital Albert Einstein; Portal Drauzio Varella