O câncer de ovário, um dos tumores ginecológicos mais agressivos, afeta milhares de mulheres no Brasil e no mundo. Embora a incidência não seja tão alta quanto outros tipos de câncer, a taxa de mortalidade é preocupante, principalmente devido ao diagnóstico tardio. A ausência de sintomas específicos nas fases iniciais e a dificuldade em identificá-los contribuem para que a doença avance silenciosamente, dificultando o tratamento e reduzindo as chances de cura.
Entendendo o câncer de ovário: causas e fatores de risco
Os ovários, órgãos do sistema reprodutor feminino responsáveis pela produção de óvulos e hormônios como o estrógeno e a progesterona, podem ser acometidos por diferentes tipos de câncer. Cerca de 90% dos casos se originam nas células epiteliais, que revestem a superfície externa dos ovários.
A causa exata do câncer de ovário ainda é desconhecida, mas alguns fatores de risco podem aumentar as chances de desenvolver a doença:
- Histórico familiar: A presença de casos de câncer de ovário, mama ou colorretal em parentes de primeiro grau aumenta o risco, especialmente se houver mutações genéticas como BRCA1 e BRCA2.
- Idade: O risco aumenta com a idade, sendo mais comum após os 40 anos e com maior incidência em mulheres acima de 60 anos.
- Fatores hormonais: Mulheres que nunca tiveram filhos, que tiveram menopausa tardia ou que usaram terapia de reposição hormonal por tempo prolongado apresentam risco aumentado.
- Síndromes genéticas: Portadoras de síndromes como a síndrome familial de mama e ovário ou a síndrome de Lynch (câncer colorretal hereditário não poliposo) têm maior probabilidade de desenvolver a doença.
- Obesidade e dieta rica em gordura: Estudos indicam uma possível relação entre a obesidade e o alto consumo de gordura com o desenvolvimento do câncer de ovário.
Sintomas: fique atenta aos sinais do seu corpo
O câncer de ovário é conhecido como o “assassino silencioso” porque os sintomas iniciais são frequentemente vagos e inespecíficos, podendo ser confundidos com problemas gastrointestinais ou desconfortos comuns. No entanto, estar atenta a qualquer alteração no corpo e procurar um médico caso os sintomas persistam é fundamental para um diagnóstico precoce.
Os sintomas mais comuns do câncer de ovário incluem:
- Dor abdominal ou pélvica persistente, que pode se manifestar como gases, indigestão, cólicas ou inchaço.
- Sensação de pressão ou peso no abdômen, mesmo após refeições leves.
- Aumento do volume abdominal, que pode ser acompanhado de perda de peso inexplicável.
- Alterações nos hábitos intestinais, como constipação, diarreia ou necessidade frequente de urinar.
- Sangramento vaginal anormal, especialmente após a menopausa.
- Cansaço excessivo e persistente, sem causa aparente.
- Dor nas costas ou durante as relações sexuais.
É importante ressaltar que esses sintomas podem ser causados por diversas outras condições, e nem sempre indicam a presença de câncer de ovário. No entanto, a persistência e a intensificação dos sintomas devem ser investigadas por um médico especialista.
Diagnóstico: exames e procedimentos para a detecção da doença
O diagnóstico do câncer de ovário é um processo que envolve a análise do histórico da paciente, exame físico completo e a realização de exames complementares.
- Exame pélvico: O médico avalia a região pélvica em busca de anormalidades nos ovários, útero e outros órgãos.
- Ultrassonografia transvaginal: Permite a visualização dos ovários e a identificação de cistos, tumores ou outras alterações.
- Dosagem do marcador tumoral CA-125: Um exame de sangue que mede os níveis de uma proteína frequentemente elevada em mulheres com câncer de ovário. É importante ressaltar que o CA-125 pode estar elevado por outras condições benignas, como endometriose e inflamações, e não deve ser utilizado como único critério para o diagnóstico.
- Tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM): Fornecem imagens detalhadas da região abdominal e pélvica, ajudando a determinar a localização e a extensão do tumor, bem como a presença de metástases.
- Laparoscopia exploratória: Um procedimento cirúrgico minimamente invasivo que permite a visualização direta dos ovários e a coleta de biópsias para análise.
- Biópsia: A análise microscópica de uma amostra de tecido do ovário é fundamental para confirmar o diagnóstico e determinar o tipo de câncer, guiando o tratamento.
Tratamento: uma abordagem multidisciplinar para combater a doença
O tratamento do câncer de ovário depende do estágio da doença, do tipo de tumor, da idade e do estado geral de saúde da paciente. Geralmente, envolve uma abordagem multidisciplinar que combina diferentes modalidades terapêuticas, como cirurgia, quimioterapia e, em alguns casos, radioterapia.
- Cirurgia: A cirurgia é frequentemente o primeiro passo no tratamento, com o objetivo de remover o tumor e os tecidos afetados. A extensão da cirurgia varia de acordo com o estadiamento da doença, podendo incluir a remoção dos ovários, trompas de falópio, útero e linfonodos adjacentes. Em casos mais avançados, pode ser necessária a remoção de outros órgãos, como intestino e omento.
- Quimioterapia: A quimioterapia utiliza medicamentos para destruir as células cancerígenas, podendo ser administrada antes ou após a cirurgia, ou em combinação com outras terapias. A escolha dos medicamentos e o esquema de tratamento variam de acordo com o tipo e o estágio do tumor.
- Radioterapia: A radioterapia utiliza radiação para destruir as células cancerígenas e pode ser utilizada em alguns casos de câncer de ovário, especialmente para o controle de sintomas em estágios avançados.
Acompanhamento: monitorando a saúde após o tratamento
Após o tratamento, o acompanhamento médico regular é fundamental para monitorar a recuperação, detectar precocemente uma possível recidiva (recorrência da doença) e controlar os efeitos colaterais do tratamento. O acompanhamento geralmente inclui:
- Consultas médicas regulares com exame físico e ginecológico.
- Exames de imagem, como ultrassonografia transvaginal e tomografia computadorizada.
- Dosagem do marcador tumoral CA-125.
Prevenção: medidas para reduzir o risco
Embora não seja possível prevenir completamente o câncer de ovário, algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco:
- Manter um peso saudável e praticar atividades físicas regularmente.
- Evitar o consumo excessivo de gordura.
- Conversar com um médico sobre os riscos e benefícios do uso de contraceptivos orais, que podem reduzir o risco de câncer de ovário.
- Considerar a ooforectomia profilática (remoção dos ovários) em casos de alto risco, como mulheres com mutações genéticas BRCA1 e BRCA2, após avaliação médica e aconselhamento genético.
É fundamental conhecer o histórico familiar, estar atenta aos sinais do corpo e procurar um médico regularmente para exames preventivos. A detecção precoce do câncer de ovário aumenta consideravelmente as chances de cura e melhora a qualidade de vida da paciente.
Fontes: A.C. Camargo Câncer Center; Instituto Vencer o Câncer; Portal Drauzio Varella