Não existe dose segura de álcool, revela pesquisa

Mito ou verdade: existe dose segura para beber? A OMS alerta sobre os riscos do álcool, mesmo em pequenas quantidades

O consumo de álcool é um hábito culturalmente enraizado em diversas sociedades, mas seus efeitos sobre a saúde têm sido alvo de debates e pesquisas cada vez mais aprofundados. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta contundente: não existe nível de consumo de álcool que seja seguro para a saúde. Esta afirmação, corroborada por estudos científicos e entidades de saúde pública de renome internacional, como a The Lancet, o Centers of Disease Control and Prevention (CDC) dos EUA e a Health Promotion Agency da Nova Zelândia, derruba o mito de que doses moderadas de álcool poderiam trazer benefícios à saúde.

Desvendando o mito da dose segura

Por muito tempo, acreditou-se que o consumo moderado de álcool, especialmente vinho tinto, poderia ter efeitos protetores para o coração. No entanto, pesquisas recentes demonstram que os supostos benefícios são mínimos e superados pelos riscos à saúde, especialmente o desenvolvimento de câncer.

Um estudo publicado na revista The Lancet, em 2018, analisou dados de 195 países e concluiu que beber qualquer quantidade de álcool aumenta o risco de problemas de saúde. A pesquisa revelou que mesmo uma dose diária aumenta o risco em 0,5% em comparação à abstenção total, enquanto cinco doses diárias elevam o risco para 37%.

Álcool: um carcinógeno comprovado

A OMS, desde 2012, classifica o álcool como carcinógeno do Grupo 1, o grupo de mais alto risco, que inclui substâncias como amianto, radiação e tabaco. O etanol presente nas bebidas alcoólicas é o responsável pelo risco, independentemente da qualidade ou preço da bebida.

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A OMS, desde 2012, classifica o álcool como carcinógeno do Grupo 1, o grupo de mais alto risco (Foto: Freepik)

É importante destacar que mais da metade dos casos de câncer relacionados ao álcool na Europa são atribuídos ao consumo leve a moderado — menos de 1,5 litros de vinho ou 3,5 litros de cerveja por semana. Este padrão de consumo é responsável pela maioria dos casos de câncer de mama associados ao álcool.

Apesar da comprovação científica do papel carcinogênico do álcool, essa informação ainda é pouco difundida entre o público. Especialistas defendem que, assim como ocorre com as embalagens de cigarro, as bebidas alcoólicas deveriam conter mensagens de alerta sobre os riscos à saúde.

Os riscos do álcool: além do câncer

O consumo de álcool está associado a uma série de problemas de saúde, incluindo:

  • Doenças cardiovasculares: apesar do mito de que doses moderadas protegem o coração, o consumo de álcool aumenta o risco de doenças cardíacas e acidente vascular cerebral (AVC), especialmente em quantidades elevadas.
  • Doenças hepáticas: o álcool é uma substância tóxica para o fígado e seu consumo excessivo pode levar à hepatite alcoólica, cirrose e câncer de fígado.
  • Problemas de saúde mental: o álcool é uma droga psicoativa que pode causar dependência, depressão, ansiedade e outros transtornos mentais.
  • Violência e acidentes: o consumo de álcool aumenta o risco de comportamentos violentos e acidentes de trânsito, especialmente quando associado ao consumo excessivo em um curto período de tempo.
  • Riscos na gravidez: não existe dose segura de álcool durante a gravidez e a amamentação. O consumo de álcool pela gestante pode causar danos irreversíveis ao feto, como a Síndrome Alcoólica Fetal.

Diretrizes para um consumo de baixo risco

Embora não exista dose segura de álcool, algumas diretrizes podem ajudar a minimizar os riscos para aqueles que optam por beber:

O Centro Canadense de Uso e Dependência de Substâncias publicou as Diretrizes de Consumo de Álcool de Baixo Risco do Canadá, que recomendam o consumo máximo de duas doses padrão por semana para minimizar os riscos à saúde. Uma dose padrão equivale a 13,45g de álcool puro, o que corresponde a 341 ml de cerveja (uma lata), 142 ml de vinho (uma taça) ou 43 ml de destilados (uma dose).

É importante ressaltar que essas diretrizes não garantem a ausência de riscos e que, quanto menor o consumo de álcool, melhor para a saúde.

Diante das evidências científicas, é essencial que a população seja informada sobre os riscos do consumo de álcool, desmistificando a ideia da dose segura. A conscientização sobre os perigos do álcool é fundamental para que cada indivíduo possa fazer escolhas mais conscientes e responsáveis em relação à sua saúde e bem-estar.

Fontes: Drauzio Varella; Portal Afya

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