Um novo estudo publicado no JAMA Network Open revelou que adultos com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) têm quase três vezes mais chances de desenvolver demência, incluindo a doença de Alzheimer, em comparação com adultos sem TDAH. A pesquisa, conduzida pela Rutgers University, acompanhou mais de 100 mil adultos em Israel por 17 anos, analisando a ocorrência de demência em grupos com e sem TDAH ao longo do envelhecimento.
Os resultados são alarmantes, especialmente considerando que mais de 3% da população adulta nos Estados Unidos possui TDAH. A falta de pesquisas sobre a relação entre o transtorno e demência torna este estudo ainda mais relevante, destacando a necessidade de atenção médica e acompanhamento para adultos com o transtorno.
A pesquisa sugere que o diagnóstico em adultos pode se manifestar como um processo neurológico que diminui a capacidade de compensar os efeitos do declínio cognitivo na vida adulta. Isso significa que os sintomas de desatenção e hiperatividade, frequentemente ignorados na terceira idade, podem ser sinais de alerta para um risco aumentado de demência.
Diante dessa descoberta, os autores do estudo recomendam que médicos, cuidadores e familiares estejam atentos aos sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade em adultos mais velhos. É crucial que esses sintomas sejam discutidos com profissionais de saúde para que medidas preventivas e intervenções adequadas sejam tomadas.
Além do diagnóstico e acompanhamento médico, o estudo sugere que o tratamento com psicoestimulantes pode ajudar a reduzir o risco de demência em adultos com o transtorno. Os psicoestimulantes, conhecidos por modificar a trajetória do comprometimento cognitivo, podem ter um papel importante na prevenção da demência nos pacientes. No entanto, mais pesquisas são necessárias para aprofundar a compreensão do impacto dos medicamentos no risco de demência em pacientes com TDAH.
Este estudo abre caminho para novas pesquisas e intervenções, com o potencial de impactar significativamente a vida de milhões de adultos com TDAH em todo o mundo. A conscientização sobre a ligação entre o transtorno e demência é fundamental para a promoção de diagnósticos precoces, tratamentos eficazes e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida para esses indivíduos.
A pesquisa, conduzida por uma equipe de especialistas de diversas instituições renomadas, incluindo a Rutgers University, a Icahn School of Medicine at Mount Sinai e a University of Haifa, traz à tona uma questão de saúde pública importante e urgente. A comunidade médica e científica precisa se mobilizar para aprofundar o conhecimento sobre a relação entre TDAH e demência, buscando soluções que minimizem os riscos e promovam o bem-estar dos pacientes.
É fundamental que os meios de comunicação deem visibilidade a este estudo, disseminando informações precisas e relevantes para a população. A conscientização sobre os riscos da demência em adultos com TDAH pode levar a um aumento na procura por diagnóstico e tratamento, contribuindo para a prevenção e o manejo adequado dessa condição.
O que é o TDAH?
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma disfunção neurocomportamental que afeta a capacidade de concentração, o controle da impulsividade e o nível de atividade, podendo persistir na vida adulta. As causas do TDAH ainda não são totalmente conhecidas, mas estudos sugerem um forte componente genético, comumente com histórico familiar do transtorno.
Os principais sinais de TDAH, divididos entre desatenção e hiperatividade/impulsividade, incluem:
Desatenção:
- Dificuldade em prestar atenção a detalhes e tendência a cometer erros por descuido.
- Dificuldade em manter o foco em tarefas ou atividades de lazer.
- Parecer não escutar quando alguém fala diretamente com ele.
- Dificuldade em seguir instruções e finalizar tarefas.
- Dificuldade em organizar tarefas e atividades.
- Evitar ou relutar em se envolver em tarefas que exigem esforço mental prolongado.
- Perder objetos necessários para tarefas ou atividades (ex: materiais escolares, chaves, celular).
- Facilidade em se distrair com estímulos externos.
- Esquecimento em atividades cotidianas.
Hiperatividade/Impulsividade:
- Mexer frequentemente as mãos e os pés ou se remexer na cadeira.
- Levantar-se do lugar em situações inapropriadas (ex: em sala de aula).
- Correr ou subir em objetos de forma inadequada ao contexto.
- Dificuldade em brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente.
- Inquietação constante, como se estivesse “ligado no 220v”.
- Falar excessivamente.
- Responder perguntas antes de serem concluídas.
- Dificuldade em esperar sua vez.
- Intrometer-se em conversas ou jogos.
É importante ressaltar que nem todas as pessoas com esse transtorno apresentam todos esses sintomas. A intensidade e a frequência dos sintomas variam de pessoa para pessoa, e o diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde qualificado.
Fontes: Hospital Albert Einsten; Science Daily