Estudo aponta terapia promissora no tratamento da esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença crônica e autoimune, que pode afetar o sistema nervoso central, trazendo uma série de problemas a saúde, mas os pesquisadores podem ter encontrado uma terapia que para quem tem esse diagnóstico

Um novo estudo publicado no Journal of Clinical Investigation revelou uma potencial terapia combinada para Esclerose Múltipla (EM) que utiliza células do próprio sistema imunológico do paciente. A pesquisa, conduzida por pesquisadores do Instituto Josep Carreras de Pesquisa da Leucemia e do Instituto Germans Trias i Pujol, em Barcelona, oferece esperança para milhões de pessoas que sofrem com esta doença debilitante.
A Esclerose Múltipla é uma doença autoimune crônica que afeta o sistema nervoso central, causando uma variedade de sintomas, incluindo problemas de visão, fraqueza muscular, dificuldades de coordenação e equilíbrio, e problemas cognitivos. A doença ocorre quando o sistema imunológico ataca erroneamente a mielina, a camada protetora que envolve as fibras nervosas.
Células dendríticas tolerogênicas: uma nova abordagem terapêutica
A terapia experimental utiliza células dendríticas tolerogênicas (tolDCs) tratadas com vitamina D3 (VitD3-tolDCs) para modular a resposta imune em pacientes com EM. As tolDCs são células especializadas do sistema imunológico que podem “reeducar” outras células imunes para tolerar antígenos específicos, como a mielina, prevenindo assim ataques autoimunes.
tratamento para esclerose múltipla
O estudo descobriu que os monócitos, células precursoras das tolDCs, em pacientes com EM, possuem uma assinatura pró-inflamatória persistente
No entanto, a eficácia das tolDCs em pacientes com EM é frequentemente comprometida devido à disfunção inerente do sistema imunológico característica da doença. O estudo descobriu que os monócitos, células precursoras das tolDCs, em pacientes com EM, possuem uma assinatura pró-inflamatória persistente, mesmo após serem transformadas em VitD3-tolDCs. Esta assinatura inflamatória torna as células menos eficazes em comparação com aquelas derivadas de indivíduos saudáveis.
Modulação do receptor aril hidrocarboneto: a chave para restaurar a funcionalidade das células
Os pesquisadores identificaram uma via molecular, o Receptor Aril Hidrocarboneto (AhR), que está ligada a esta resposta imune alterada em pacientes com EM. Ao modular o AhR com um fármaco específico, a equipe conseguiu restaurar a função normal das VitD3-tolDCs derivadas de pacientes com EM em estudos in vitro.
Curiosamente, o estudo também descobriu que o Dimetil Fumarato, um medicamento já aprovado para o tratamento da EM, tem um efeito semelhante ao da modulação do AhR, restaurando a eficácia total das células com um perfil de segurança mais favorável.
Resultados promissores em modelos animais
Estudos em modelos animais de EM mostraram que a combinação de VitD3-tolDCs e Dimetil Fumarato levou a melhores resultados do que o uso de qualquer um dos tratamentos isoladamente. A terapia combinada reduziu significativamente os sintomas em camundongos, sugerindo um potencial promissor para o tratamento de pacientes humanos.
Próximos passos e implicações para o futuro do tratamento da esclerose múltipla
Os pesquisadores estão agora se preparando para iniciar os ensaios clínicos de Fase II para avaliar a segurança e eficácia da terapia combinada em humanos. Se os resultados promissores observados em modelos animais se confirmarem em humanos, esta nova abordagem terapêutica poderá revolucionar o tratamento da Esclerose Múltipla, oferecendo uma opção terapêutica mais direcionada e eficaz.
Esta pesquisa representa um avanço significativo no campo das terapias celulares personalizadas para doenças autoimunes, abrindo caminho para novos tratamentos para a EM e potencialmente para outras doenças autoimunes.
Fonte: Science Daily

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